Ontem passei pelo Alegro, em Alfragide, onde vi pela primeira vez ao vivo e a cores um puto seguro por uma trela para bebés, acompanhado pelo que me pareceu ser o avô.
Juro que não sei o que pensar, por um lado parece uma ideia fixe, os putos têm a mania de desatar a correr e de repente olhamos e ele já deu à sola. Por outro parece-me algo verdadeiramente castrador, imbecil, e ofensivo.
Estes miúdos crescem e vivem presos. Como podem ser felizes, como podem crescer, descobrir o mundo, testarem-se, desenvolverem-se se ninguém lhes dá espaço para tal?…
Estou a ler o Last Child in the Woods (HIGHLY recommended, para pais, políticos, empresários, everybody!!), do Richard Louv, and it’s kinda scary… Mais que Nature Deficit Disorder, muitos putos estão em risco de sofrer de Space Deficit Disorder, pois nem no ambiente totalmente artificial lhes é permitido esticar os braços e as pernas… Se nem atrás dos nossos filhos corrermos, dentro dos hipermercados para onde entramos directamente de carro, não tarda seremos todos uns fat bastards exigindo que todos os serviços sejam home delivery ou drive-in porque simplesmente não teremos força para levantar o cu do sofá ou do banco do carro…
Há necessidade em breve para um lobby de protecção da espécie em vias de extinção, os freerange kids…
acho que é mesmo daquelas coisas que “deixa tu ter o teu filho/a e vais ver como depressa mudas de ideias!”
comprámos uma mochila à C. que leva às costas com um cinto que prende na barriga tal como uma mochila, mas tem uma corda atrás para a poderemos segurar.
há 20 anos nem passava pela cabeça tal coisa, hoje em dia com tantos raptos, crimes sexuais, tráfico de menores, todos os cuidados são poucos…
Claro está que usamos só no supermercado ou nas lojas, quando vamos passear ao jardim deixa-mos-a solta e a correr de um lado para o outro, mas qualquer um tem direito à sua opinião e a definição de segurança varia muito de pessoa para pessoa.
🙂
Presumo que sim, Bruno, é fácil falar quando não somos nós a lidar com os putos. 🙂 Quem sabe se houvesse uma trela quando o meu irmão era puto (que era uma PEEESTE!) não a teríamos usado, talvez não tivesse fugido tantas vezes. 😛
Mas na minha childless person’ opinion, não basta poder fazer para decidir fazê-lo, e além da minha própria conveniência pensaria nas greater implications que as minhas decisões teriam. Talvez no teu caso a trela seja um “caso isolado” e não traduza a forma geral com que lidas com a tua filha, mas haverá pessoas concerteza para quem a trela é apenas mais uma das amarras e instrumentos de sobreprotecção.
Além disso, será que o mundo está mesmo mais perigoso ou nós é que temos conhecimento de coisas que há 20 anos nunca nos chegariam aos ouvidos? 😉
Bom, se algum dia a pílula falhar, falamos outra vez. 😛
a mim também me faz confusão.. a trela e todos os securismos. mas lembro-me de o meu pai falar que quando ele era miúdo também havia trelas.
ou seja, essa paranoia não é de hoje…
Na Alemanha usam disso há tempo!
Eu costumo dizer que hoje em dia o mundo não está mais perigoso, existe é a TVI!
É tudo uma questão de risco, como tudo na vida, mas é, antes de mais, uma questão de simplificação para os pais. É mais fácil retirar o miúdo do perigo do que ensiná-lo a lidar com ele, pois esta última requer muito tempo e trabalho.
Vamos ter gerações de miúdos a enfrentar vários perigos sem as devidas ferramentas…aí vai ser mau.
beijo
p.s.: qdo acabares vais ter de me emprestar esse livro ;o)
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