Bike stuff

[Ainda estou doente. Já me passou a cena da febre, arrepios, dores de cabeça, etc, mas continuo com uma tosse do catano! 🙁 Era fixe que conseguisse dar conta dela durante o dia de hoje, a ver se amanhã já conseguia sair de casa… Precisava de tentar arranjar alguma roupita nos saldos. Estou aqui fechada desde 3ª-feira à noite. Por um lado sabe bem, porque dizem que lá fora está frio comó caraças! 😛 Mas é chato ficar sempre no mesmo sítio. E não poder andar de bicicleta.]

Estou a precisar de arranjar mais equipamento para conseguir andar ao frio e à chuva com conforto e sem demasiadas hassles. Preciso principalmente de umas boas luvas, quentes e impermeáveis (digo-vos, andar à chuva e sentir as mãos ensopadas e geladas é mesmo muito mauzinho). Também quero comprar um gorro daqueles que tapam as orelhas, e a testa, para conjugar com cachecóis, balaclavas e semi-balaclavas, conforme a situação. Mas aproveito e faço o ponto da situação.

No Inverno passado o meu equipamento era este:

Cold night cycling gear - a bit more detail

[a foto tem notas, se a virem na página no Flickr]

Óculos

Os que aparecem nesta foto foram os meus primeiros óculos “para andar de bicicleta”. Eram fixes porque tapavam bem os olhos (não entrava facilmente vento frio, pó, etc), mas andar sempre a mudar entre as 3 lentes (noite, chuva e sol) era chato, e tinha que andar com o estojo atrás com as outras lentes. Mas entretanto partiram-se (com tanto clip on, clip off das várias lentes, provavelmente). This is how I looked with them on.

Comprei depois uns iguais aos do Bruno, que teriam a vantagem de ter umas lentes cuja coloração se ajustava automaticamente às condições de luminosidade, dispensado aquela treta de andar a mudar de lentes para andar à noite ou de dia. Não são maus, mas comparando a capacidade de “isolar” os olhos do vento ficam a perder relativamente aos primeiros.

Depois o Bruno lá encomendou outros não sei onde, uns tipo “de laboratório”. Bom, estes são mesmo transparentes, para usar à noite, não servem de óculos de sol, pelo que os outros ainda estão a uso. Estes são mesmo muito fixes, protegem muito bem os olhos. E como não têm aquela borracha nos apoios, dá para os pôr e tirar só com uma mão, com os outros não dá, a borracha prende na pele, no cabelo…

Estes dois em uso actualmente, em imagens:

imgp6736.jpgimgp6737.jpgimgp6740.jpgimgp6738.jpg

Os óculos são, para mim, acessórios quase indispensáveis, para conforto e segurança. Conforto por causa do sol, do vento, do pó, do frio, segurança por causa dissso tudo também. É do caraças quando vamos a abrir e nos entra um bicho qualquer ou outra porcaria para os olhos, podemos atrapalhar-nos e espetarmo-nos. Os óculos são tão mais importantes quanto maior a velocidade a que vamos e quanto maior a complexidade do meio em que navegamos.

Balaclava

Esta balaclava é de seda, e fez parte de um conjunto de cenas que o Bruno me ofereceu há tempos. A única experiência prévia parecida era com uma semi-balaclava num material mais grosso (também na foto), e por isso mais quente mas também menos respirável, o que levava a que se verificasse muita condensação por causa da respiração, tornava-se desagradável, os óculos embaciavam mais facilmente, etc. Esta semi-balaclava até é do Bruno, mas agora tem estado comigo, emprestadada, parece. 😛 Mas não a uso como balaclava, mas apenas como uma espécie de cachecol, quando está frio, pois funciona melhor que um cachecol propriamente dito. A balaclava de seda não tenho usado muito, não tem sido necessário, por diversos motivos. Mas é um acessório muito útil e funciona muito bem (não deixa o frio de fora, mas serve de corta-vento, o que ajuda bastante, e não restringe os movimentos da cabeça nem tem o problema da condensação).

Um problema com as balaclavas é que se não usarmos mais nada por cima (capacete, gorro, chapéu) ficamos com um aspecto esquisito, tipo ninja. 😛

Estes acessórios não são essenciais, mas se não temos tendências masoquistas relativamente ao clima, é um add-on interessante.

Prende-calças

Dependendo da roupa, dos sapatos e da situação, ou uso uns de plástico tipo clips, ou uso os da foto, ajustáveis com velcro (e retroflectores). Se tiver umas botas mais gordas os clips não dão conta do recado, por exemplo. Uso em ambas as pernas porque à direita tenho a corrente e à esquerda tenho a bottom bracket onde as calças ficam com óleo na bainha se esta calha a tocar lá.

Este acessório é praticamente essencial (na maior parte das bicicletas em PT, que não têm protecção da corrente), a não ser que gostemos de sujar ou rasgar roupa. Mas há opções de emergência, ou mais baratas: enrolar as calças para cima (convém ter boas meias no Inverno!!), ou prendê-las dentro das meias ou sapatos.

Luvas

Eu tenho dois pares de luvas, umas sem dedos para o Verão, outras mais quentinhas para o Inverno. Contudo, e como referi no início, para a chuva não prestam, pois não são impermeáveis. E bem que podiam ser mais quentes, pelo que assim que encontrar umas que me resolvam estes 2 problemas, compro-as. Eu já tenho sempre as mão frias de qualquer modo, imaginem na rua ao frio e em velocidade… Uma cena fixe destas luvas é que têm uns elementos reflectores, o que ajuda a tornar a sinalização mais visível.

Se não for pelo conforto, pela segurança: mãos e dedos gelados não respondem tão rapidamente caso seja precisar travar de repente!

Casaco

O casaco da foto é um corta-vento, impermeável (ou será só resistente à água?), respirável, e reflector. É mesmo para andar de bicicleta, pois atrás é mais comprido para nos tapar o rabo. É fininho e confortável, mas o facto de não ter um capuz deixa-nos na mão quando começa a chover. 🙁 Eu costumava usá-lo sempre nas noites frias, com qualquer coisa quente mas não muito abafada por baixo. Ultimamente não o tenho usado quase nunca, não se proporciona.

O resultado final com estas cenas era este:

My pimped out cold night ride gear

O capacete dá jeito para manter a cabeça mais quentinha (com a balcaclava por baixo) e para segurar o espelho. 🙂

Só neste Inverno (2008/2009) é que comecei a não ser lame e a usar a bicicleta mesmo quando está de chuva (embora continue a evitar os dilúvios sempre que posso). Para isso uso as minhas novas RainMates, uma espécie de tapa-calças com a opção de ser só até aos joelhos ou ir mesmo até aos pés. São uma evolução das RainLegs (só até aos joelhos). Nunca experimentei umas calças impermeáveis completas, cheguei a experimentar umas na Decathlon mas aquilo era inusável (os baixinhos, então, estão lixados neste sector). O que me atrai nas RainMates e que umas calças completas não me poderiam oferecer, é a facilidade de as pôr e tirar. Num instante tiro aquilo no meio da rua sem parecer que me estou a despir. 😛 Só quando arranjar umas calças decentes é que poderei fazer uma comparação mais séria, contudo, a não ser para deslocações mais longas e/ou com mais chuva que possa precisar de fazer, as RainMates funcionam bem comigo para o meu tipo de deslocações actual.

Nas primeiras vezes que as usei fotografei o setup:

Little Red Riding HoodRainMatesCapuchinho VermelhoCapuchinho Vermelho

Não notei o efeito em mim, infelizmente, mas as do Bruno dão-lhe um sex-appeal especial, assim pretas e justas, parecem calças de cabedal, parece um ninja, um motard, ou um Michael Night. 😛

Na bike:

Second day out with the RainMates

Só me apercebi de ter ficado com as calças sujas na primeira vez que as usei, numa das pernas, atrás, entre o calcanhar e quase até à dobra do joelho, tinha várias pintas de água suja. As calças eram beje, pelo que se notava (nas outras calças pode acontecer mas torna-se imperceptível). Contudo, e dado que me falta o pára-lamas traseiro na Xtracycle, o problema é quase de certeza derivado disso e não das RainMates.

Aliás, o pára-lamas está encomendado e é a peça em falta fundamental para a bicicleta ser usável no Inverno. Agora sempre que ando em chão molhado a bicicleta fica toda suja. 🙁 A work in progress.

Nestas fotos, além dos óculos de que falei mais atrás, estava a usar o casaco que geralmente uso por estes dias, mesmo e especialmente quando chove. É um casaco impermeável e com mais forro, que comprei para a viagem à Spezi, na Alemanha. Vantagens relativamente ao corta-vento: tem gorro ajustável (posso apertar o cordão para que o gorro não fuja com o vento), e este faz um bocado um efeito, pequeno, de pala, pelo que a chuva não cai directamente na cara, e protege bem o pescoço e até parte da cara se nos enterrarmos dentro dele, e sendo vermelho é menos gritante para usar normalmente. É mais quentinho e tem vários bolsos com fecho. Desvantagens: não é respirável, e não tem o rabo mais comprido, pelo que se chover ficamos com ele molhado à mesma, à noite vermelho é menos fácil de ver do que o amarelo reflector, pelo que no trânsito oferece menos visibilidade.

O capuz torna mais complicado olhar para trás, porque ele não acompanha a cabeça ao virar, é como se olhássemos para dentro do capuz. No trânsito isto é uma desvantagem.

Recentemente o Bruno encomendou-nos também uns espelhos novos. Nos últimos tempos tinha andado sem nenhum e não gosto, é como andar sem espelho no carro. Tive dois espelhos iguais, de prender na ponta do guiador, que se partiram (um foi com o meu irmão, num incidente com um peão, outro foi alguém que mo quebrou acidental ou propositadamente quando a bike estava estacionada frente ao supermercado).

Second damned broken mirror

Agora mesmo que quisesse não podia comprar outro do género pois tenhos uns “corninhos” de cada lado do guiador, que impossibilitariam este setup.

Como não uso normalmente capacete também não dava para usar aquele que se prende num. Mas fica fixe, não fica? Este é o Bruno, já agora. 😛

Terrorist? Paintball player? Special ops? Weird looking dentist?

Estou contente com a nova aquisição:

My new rearview mirrorMy new rearview mirror

Também se coloca no guiador, mas já não fica no caminho das mãos. É pequenino mas bastante ajustável e dá uma boa perspectiva do que se passa atrás de nós.

Ao longo do tempo foram sendo substituídas peças, e até acessórios. Mas neste momento continuo com aquele sistema de luzes de dínamo sem-fricação meio DIY que o Bruno instalou há bué, uns leds azuis à frente e vermelhos atrás, que piscam quando estamos a andar:

O meu SUVO meu SUV

Aquela luz traseira já a mudei, pus uma das que vêm com a Mobiky, muito mais luz, visível de lado, muito mais fixe. À frente continuo com a mesma:

O meu SUV

A pilhas (recarregáveis), funciona bem e dá uma luz razoável. Mas queria uma com mais output, tipo carro. 😛 Mas como geralmente ando em zonas com iluminação pública, esta vai servindo.

O selim que ele me ofereceu também tem sido uma boa aposta:

O meu SUV

O original que vinha com a bicicleta, em gel, aquecia-me demasiado aquela zona, e tinha uma cobertura que oferecia um bocado de atrito com a roupa.

O meu cadeado integrado é um must, um icebreaker e desculpa para meter conversa infalível 🙂

O meu SUV

A AirZound (que tinha originalmente na Mobiky mas que transferi depois para esta porque actualmente é a bicicleta que uso mais frequentemente), é um acessório INDISPENSÁVEL para quem usa a bicicleta como meio de transporte e, como tal, usa a estrada e interage com outros condutores.

O meu SUVO meu SUV

Tipo, man, é mesmo mesmo um must. Nem sei como alguma vez andei só com aquela campainhazita que a bicicleta trazia, que nem os peões ouvem, muitas vezes, quanto mais uma pessoa dentro do carro. Já se imaginaram sem buzina no carro? Pois é, de bicicleta é pretty much the same. Assim até um camionista no meio da rotunda do Marquês me ouve. 🙂

Este kung fu sugerido pelo pessoal da Surly (que fazem a Big Dummy) e que o Bruno pôs nas nossas Xtracycles também é uma boa ideia, para proteger a estrutura da água:

O meu SUV

Num dos lados tenho também um pisca-pisca vermelho.

Outro acessório que dá jeito são umas cordas e tiras elásticas:

O meu SUV

Esta vai sempre enrolada no SnapDeck (ajuda a evitar que salte caso passemos por um buraco com muita carga na bicicleta), e quando há algo extra para levar é só prender com isto.

Um objectivo nosso é mudar de quadro para um um pouco mais leve e sem suspensão, um peso morto que nos rouba energia a pedalar.

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Gripe?

I never get sick (when I do is something somewhat much more serious). Por isso chateia-me agora estar. Começou ontem e hoje não estou melhor, ao contrário da última vez que estive assim, no início de “chocar alguma”, em que aterrei na cama e no dia seguinte estava óptima.

Deve ser de andar a comer mal (faltam-me os verdes), apanhar pouco sol e não fazer mais exercício, o meu “super-sistema imunitário” anda mais fracote. 😛

Estar doente é uma treta. Especialmente quando amanhã faço 28 anos. Pior que envelhecer só mesmo fazê-lo doente. 😛

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Resoluções de ano novo

Talvez devesse definir resoluções de mês novo, de semana novo, ou mesmo de dia novo. Pequenas metas funcionam sempre melhor, não é? 🙂

1 – Give dermatologists a chance. O acne que me persegue há 18 anos tem-me destruído a pele, o rosto e a autoconfiança. Quero um tratamento milagroso como o que eles mostram no Extreme MakeOver! 😛

2 – Be more of a doer and not just a thinker. I like to watch. 🙂 Sou circunspectiva, gosto de observar e contemplar para aprender. Sou reservada e contida, tímida e pouco auto-confiante, ponho tudo em causa, principalmente a mim própria. É difícil pôr coisas a andar assim. E eu quero fazer mais, contribuir mais, keep whining about all the wrongs but taking more chances at making rights.

3 – Call more. Fight the inter-personal skills’ handicap.

4 – Embrace the rituals and atmosphere of “special occasions”.

5 – Be more assertive selling myself.

6 – Keep a consistent routine of reading a book in bed, right before sleep. It feels good, it works best for the brain. Take the time!

7 – Stop worrying about all the wrongs, mine, my life’s, the world’s, past, present and future, all the time. Disconnect. Un-worry. Free the mind from the clutter running in the background.

8 – Walk more.

9 – Get a hobby or something to learn about completely unrelated to cycling, mobility, transportation, planning, business, web, etc. Gostava de construir maquetes de casas e coisas assim. 🙂 Gostava de fazer caminhadas “outdoor”, pela natureza. Gostava de aprender a fazer massagens decentes. Gostava de fazer um curso de jornalismo, ou fotografia, ou…

10 – Find a spot in time and space to enjoy my boyfriend away from all things bicycle, all things company, and all things wrong or yet to accomplish in our lives.

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Selling yourself

É-me muito difícil entrar numa livraria e não sair de lá com nenhum livro. 🙂 A minha última compra, mais por impulso, foi um livro pequenino, muito fácil e agradável de ler, com algumas words of wisdom de um tal Paul Arden: “It’s not how good you are, it’s how good you want to be“. Apesar de ser um livro brotado da área da publicidade, usando dela referências e histórias, é realmente uma boa metáfora para o mundo dos negócios, como dizem na contracapa (a primeira metade do livro é mais liberta da associação ao sector da advertising). Gostei e recomendo.

Entre uma série de conselhos, uns já interiorizados e aprendidos (sabe sempre bem some validation!), outros que me fizeram pensar noutras coisas e perspectivas, alguns provocam um reboot mental. 🙂

Duas secções que fizeram click comigo foram as das páginas 64 à 67. E percebi que tenho que agir e apresentar-me como aquilo que quero ser, e não necessariamente como aquilo que sou agora. É isso que pushs things forward and gets us there, where we want to be, being what we want to be.

Isto a propósito de cartões de visita, perfis em sites de redes sociais, páginas de about, etc, inscrições em eventos, etc. Para mim é sempre complicado decidir o que escrever. O que sou? O que faço?

Há pessoas que se apresentam referindo a sua formação académica tradicional (ex.: Eng. Bioquímico). Outros que a omitem ou não especificam (ou não têm) e que listam outros tipos de cursos ou formações mais ligeiras, alternativas ou de nicho (ex.: formado em agricultura biológica). Muitas pessoas mencionam aquilo que fazem actualmente, ou que fizeram mais recentemente (ex.: Técnico de Laboratório). Algumas pessoas referem as suas skills, sem menção a certificações ou acreditações “oficiais” (até porque para muitas actividades e conhecimentos, não as há) (ex.: especialista em Ervas Aromáticas). Há quem se apresente como fazendo ou sendo aquilo que, efectivamente, ainda não faz ou é, mas pretende vir a fazer ou ser (ex.: consultor em produção biológica de ervas aromáticas). Outros levam as coisas mais à letra e descrevem a sua condição ou função corrente literal (ex.: estudante de mestrado).

Chateia-me não saber o que escrever quando me inscrevo num evento qualquer. Acabo por escrever “empresária”, à falta de melhor. Mas isso soa-me sempre a alguém tipo “patrão”, que tem uma ou mais empresas, e para enriquecer (não só para “viver delas”), mas não necessariamente a trabalhar nelas. 😛 And that is sooo far from truth no meu caso.

Vendo no dicionário:

empresário
aquele que tem ou dirige uma empresa;

empresa

empreendimento;
tarefa que alguém se determina a executar;
cometimento ousado;
associação organizada que, sob a direcção e responsabilidade de uma pessoa ou de uma sociedade, explora uma indústria, um ramo de comércio ou outra actividade de interesse económico;
os que dirigem ou administram essa associação;

Eu sinto-me essencialmente como alguém que tem uma tarefa, que dirige uma investida ousada. 🙂 Mas o “ter uma empresa” não me define (posso ser sócia em mais que uma e não desempenhar nenhuma tarefa nesse âmbito, ser apenas um investimento). E o “dirigir uma empresa” não esgota aquilo que sou, faço e tenho competências ou capacidade para fazer no contexto dessa empresa ou doutra. Nomeadamente, eu não me limito a dirigir uma empresa, ou sou a empresa, o meu trabalho é a empresa, pelo que a descrição “empresária” falls too short.

“Lic. em Química/Biotecnologia pela FCT-UNL” não me serve de nada, não é nessa área que eu trabalho nem que quero trabalhar, e tal menção servirá apenas para encher o olho a algumas pessoas, porque tal afirmação transporta consigo a credibilidade de que a instituição desfruta, e porque significa que eu tive a oportunidade de beneficiar de formação “superior” (diz, geralmente, algo da minha família e não de mim) e tive capacidade para a concluir com aprovação. But it doesn’t mean a thing, além de atestar a minha perseverança e capacidade de dedicação e empenho (on a good day), e talvez revelar um interesse em ciência e um provável pensamento analítico.

Frequentar e concluir um curso não significa automaticamente que se perceba alguma coisa do assunto, ou que se seja bom a usar aquilo numa profissão subsequente. Formação “superior” não implica necessariamente pessoas melhores ou mais competentes. Simplesmente podem ter reunido mais alguma bagagem, mas nada nos garante que tenham olhado verdadeiramente para ela, que a tenham usado para construir uma bagagem própria, nova.

Quantos melhores-alunos-da-turma vocês conhecem que tenham acabado por tornar-se aquilo que geralmente os outros lhes vaticinam (pessoas muito bem sucedidas na vida, geralmente implicando cargos importantes e ordenados gordos)? E quantos dos outros, e particularmente dos mais baldas ou underachievers se revelaram pessoas bem sucedidas nesse e noutros aspectos?

A menção à formação académica visa validar-nos por algo que fomos capazes de fazer no passado para algo que fazemos ou queremos fazer agora, e que não tem nada a ver, frequentemente, mesmo que seja na mesma “área”. Obter mais formação académica é algo que pondero há alguns anos. Uma ideia recorrente é um MBA, “verde”, de preferência, para procurar corrigir o meu handicap nessa área. Numa fase em que andava mesmo muito interessada na construção sustentável (arquitectura bioclimática, materiais eco-friendly, eficiência energética, etc, etc) ponderei estudar arquitectura (a minha primeira opção para o Ensino Secundário, depois desviada para as ciências exactas) para poder trabalhar naquilo. Entretanto envolvi-me cada vez mais nestas questões do planeamento urbano e da mobilidade e gostava de aprofundar mais esta área, nomeadamente no que concerne aos modos suaves. Frequentar um curso académico serviria para duas coisas: expandir e interligar (hopefully) os meus conhecimentos informais, e validá-los (ter alguém a dizer “sim senhor, fulana tal foi avaliada nestes tópicos e foi aprovada”), algo que não acontece neste momento. Contudo, a oferta pós-graduada nesta área no nosso país parece-me praticamente inexistente… Bom, no fundo o que eu queria era ganhar mais insight das áreas tradicionais de onde vêm as pessoas que decidem as coisas por cá (arquitectura, engenharia,…), naquilo que envolve e joga com a parte que eu conheço (empiricamente, em auto-didactismo, por todas as palestras com especialistas e técnicos a que assisto, por todos os livros, artigos, blogs e afins que leio e analiso).

Na onda do Paul Arden, tenho que me re-inventar. O meu problema, crónico, é que nunca acho que sei o suficiente de nada, nem que sou suficientemente competente e reliable a fazer algo para poder dizer de mim que “sei bastante disto” ou “faço isto bem”. Quanto mais sei, mais sei que há mais para saber e para relacionar com o que já conheço ou sei. 🙂 Como tenho uma rede de interacções sociais muito limitada, é-me difícil situar-me porque tenho pouca oportunidade de me ver na situação de ser comparada e comparar-me com outros. E depois, as pessoas gostam de construir muralhas e palacetes em torno dos seus galões e achievements, com nomes pomposos, fatos janotas, “protocolos” formais e discursos herméticos. O resultado é que quem está de fora cria grandes expectativas, e tende a olhar “os especialistas” como pessoas muito sábias, muito inteligentes, muito conhecedoras e infalíveis na sua especialidade. Independentemente de isso ser assim ou não (and humans are only humans, even if great humans). Isso é negativo se a pessoa for realmente “um especialista”, and a good one, porque intimida os outros restringindo a interacção e o enriquecimento mútuo em conhecimentos e experiências, mas pode ser ainda pior se não for, mas simplesmente projectar essa imagem nos outros, porque tal imagem conferirá às suas opiniões uma credibilidade que elas podem não ter, e serão aceites como verdades indisputadas independentemente da sua qualidade. Isto para dizer que me é difícil ver-me um dia a apresentar-me como “especialista” (pessoa que se ocupa exclusivamente de um ramo particular de uma ciência, de uma arte, etc. ; perito.), “perita” (experimentado; que tem perícia; hábil; versado; douto; sabedor) em alguma coisa, mesmo que o seja na prática. O problema é que se quero sê-lo trabalhando como tal tenho que me saber vender como tal. Tenho, em suma, que ter lata para projectar uma imagem de mim própria que eu não considero exacta, mesmo que seja precisa (e a Química revela-se… 😉 ).

A experiência da faculdade ensinou-me uma coisa fundamental: o trabalho é parte da vida, e nesta devemos fazer aquilo que nos dá prazer, que nos suscita interesse, construir aquilo que sonhamos, bater-nos por aquilo em que acreditamos, conviver com quem gostamos. Só temos uma vida, e a felicidade (a sua busca e o seu desfrute) deve fazer parte dela. E isso não é coisa para um hobby ou mesmo um part-time. Passamos a maior parte dos nossos dias, da nossa vida, no “trabalho”, convivendo com outras pessoas nesse contexto profissional. Nesse sentido, dividir a nossa vida em “trabalho” e “vida pessoal” não faz sentido, uma ideia que vi pela primeira vez verbalizada no livro “Nunca almoce sozinho” do Keith Ferrazzi (que também recomendo) e que faz todo o sentido para mim. People are people, no matter in what contex you deal with them. The values that rule your life have no reason to be differently applied in “personal” or “professional” context. Para mim o meu trabalho não pode ser só uma maneira de pagar as contas, tem que ser algo que me realize, que me permita crescer e expandir, que me dê gozo fazer, cuja obra me dê orgulho. E se há algo assim to start with, o mais natural é querermos fazê-lo durante mais tempo, pelo que faz todo o sentido integrá-lo no nosso trabalho de todos os dias and get people to pay us to do what we would do for free if somehting or someone took care of our bills. 😉

I’m into bicycles as transportation (and leisure, and fun!), I’m into urban planning for livable cities. I’m into sustainability. I’m into… 🙂

Agora tenho que reflectir um pouco sobre “how I want to be perceived” in order to get payed work doing what people perceived like that get hired to do. While maintaining a realistic light on things (well, on myself) and still only promising what I can deliver, but believing I can deliver. Not an easy nor simple task.

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Bicicultura

Nada como a slow season para pôr coisas a andar. 🙂

Já está a funcionar o bicicultura.org. É um domínio que criei com o Bruno para “fazer coisas” no âmbito da mobilidade em bicicleta, a título pessoal.

A primeira cena a rolar foi o Planeta Bicicultura, um agregador de blogs. A ideia é reunir num só local posts relacionados com bicicletas (coisas do dia-a-dia, rants, novidades, whatever), na vertente não-desportiva. Tipo, imaginem que curtem acompanhar as minhas deambulações ciclísticas, mas que não estão para aturar as minhas rants políticas e pessoais além desse tema. Podem optar por seguir apenas o Planeta (visitando o site ou subscrevendo a feed), onde estou agregada, pois os posts que lá aparecem são seleccionados com a tag “bicicultura” aplicada no blog original. Assim, mesmo que alguém tenha um blog que não aborde exclusivamente o tópico da mobilidade em bicicleta, pode contribuir apenas com os posts que escreve nesse âmbito. O agregador visa criar uma fonte mais regular de conteúdo nesta área, visto que ainda somos poucos nesta “scene” a blogar, e muitas vezes com pouca regularidade. Assim, há um site que está sempre a mexer. 🙂

Entretanto surgiu a cena da desconferência, que chamámos de BiciCamp, inspirado no BarCamp. E alojámos o wiki do evento no Bicicultura.

Outra ideia entretanto implementada é uma lista de e-mail, Conversas da Bicicultura. A ideia é ter um espaço onde possamos partilhar experiências, opiniões, novidades, com espaço para discussões políticas e filosóficas sobre o tema da mobilidade em bicicleta e tópicos associados. Os off-topics não são encarados como pecados capitais desde que de algum modo relacionados com este tema, mesmo que indirectamente (ex.: planeamento urbano, modos suaves, restrição ao uso do automóvel, etc). A ideia surgiu da experiência da lista da MC, cujas discussões animadas por vezes afastam pessoas da lista e da própria MC, o que é indesejável. Assim, quem subscrever esta nova lista é mesmo porque quer manter-se informado e está aberto à troca de ideias, à discussão alargada destes temas.

Uma vantagem do Bicicultura.org é que pode ser usado como “chapéu” sob o qual incubar e desenvolver iniciativas e projectos nesta área. Em vez de sermos referidos como “pessoas da MC”, algo que é usual, podemos usar outro nome, mantendo intacto o espírito e natureza originais da MC, evitando afastar pessoas da mesma por não se interessarem por estas discussões ou posições e intervenções políticas.

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