“Nunca pensei nisso”

Eu tentei, eu tentei escrever um comentário a isto… Mas, epá, é tão mau e tão típico e tão revelador das incoerências e contradições destes gajos que,… desisti.

Faz lembrar o Marcelo, durante a campanha do referendo à lei do aborto.

I’m just here because God called me“. Será que lhe ligou pró telemóvel?

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7 Responses to “Nunca pensei nisso”

  1. miguel diz:
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    Oh ana! Então querias que eles já tivessem pensado naquilo?
    Se eles começassem a pensar e somar 2+2, lá se ia aquela estruturazinha de ideias e regrais morais pré-concebidas por outros.. ficavam sem nada

  2. spca diz:
    Mozilla Firefox 2.0.0.11 Windows 2000

    Muito francamente não vejo nada assim tão contraditório… + ou – todos dizem que estão ali contra o aborto pela vida dos bebés abortados, não pela condenação das mães. Muito provavelmente se a pergunta fosse se o “abortador” dos abortos ilegais (médico ou whatever que os faz) devia ir para a cadeia, a resposta seria bem diferente.

    Uma situação com uma certa semelhança acho que é se os toxicodependentes deviam ser condenados por consumirem drogas. Parece-me que a contradição é semelhante – também estão a fazer uma coisa ilegal, mas não são judicialmente condenados por isso. Porque são vistos + como vítimas – tal como a mulher que faz um aborto.

    O “God called me here” é porque provavelmente ela é religiosa e está a fazer a campanha através de um movimento religioso, ou por razões religiosas. Será também assim tão contraditório?

  3. spca diz:
    Mozilla Firefox 2.0.0.11 Windows 2000

    Já agora… Sou + a favor do aborto do que contra, ainda que ache que isto está longe de ser uma questão “a preto e branco”, tendo votado a favor da despenalização do aborto nas 1ªs 10 semanas no último referendo. Mas percebo perfeitamente os argumentos de quem é contra.

  4. Mozilla Firefox 2.0.0.11 Ubuntu Linux

    Olá Sérgio!

    Há que tempos que não passavas cá, perguntava-me o que te teria “acontecido”. 😉

    Aquilo do “God called me”, foi só porque acho essas frases hilariantes. Uma coisa é dizer que “por aquilo em que acredito e pelos valores que defendo, pela doutrina da minha religião, senti-me no dever de estar aqui”. Outra coisa é dizer que “só estou aqui porque deus me chamou”, não consigo evitar ver algo de lunática nestas pessoas. Talvez seja eu, uma pessoa religiosa (seja de que religião for) talvez consiga interpretar aquela frase de um modo mais metafórico. A mim só me dá pra rir, desculpem lá…

    Independentemente do porquê de eles estarem naquela manifestação (mesmo que fosse só uma questão de sensibilização para a causa deles, e não uma pretensão política de lobby pela mudança de lei), quando lhes perguntam se acham que o aborto devia ser ilegal, eles respondem imediatamente que sim. Mas depois não sabem justificar nem enquadrar essa opinião.

    Para mim é muito simples. Se aquelas pessoas acham que fazer um aborto de um feto antes de este atingir a viabilidade “cá fora” é “matar uma pessoa humana”, só podem pedir para quem o faz pena semelhante aos outros homicídios. Ou então estão a dizer que umas vidas humanas são mais que as outras. Ou que as motivações de uns assassinos são mais razoáveis e compreensíveis do que outros.

    Já li e vi várias defesas da opinião contra o direito ao aborto, e a qualidade argumentativa pode ser muito boa (independentemente da minha opinião pessoal), agora estas pessoas nem sabem o que dizem… E nem pensam no que pensam…

    A propósito da analogia com os toxicodependentes. Por essa perspectiva, as mulheres que um dia matam os maridos porque estes as agrediram e humilharam dia após dia, durante anos e anos, também deviam ser encaradas como vítimas e não deviam ser condenadas a ir para a cadeia. Mas são. A importância da vida do Outro é maior para uma “pessoa humana” nascida e crescida do que para uma por nascer…

    Ainda bem que ganhou o Sim no referendo. Só acho mal como depois as coisas foram legisladas e implementadas, parece. Não está certo que uma consulta e um procedimento médico para uma situação de aborto por razões outras que não questões de saúde (da mãe ou do filho) ou violações tenha prioridade sobre consultas de pessoas doentes. E não faz sentido que o Estado pague abortos fora desses casos.

    Enfim…

  5. spca diz:
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    Oi.

    Tenho andado por aqui. Só não me tenho manifestado… Talvez não me tenhas provocado o suficiente… 😉

    Independentemente do porquê de eles estarem naquela manifestação (mesmo que fosse só uma questão de sensibilização para a causa deles, e não uma pretensão política de lobby pela mudança de lei), quando lhes perguntam se acham que o aborto devia ser ilegal, eles respondem imediatamente que sim. Mas depois não sabem justificar nem enquadrar essa opinião.
    Discordo. Não sabem responder – e provavelmente de facto não têm opinião ou não a sabem enquadrar – à pergunta que o jornalista lhes pôs – se as mulheres que abortam devem ir para a cadeia. Mas quanto ao “porque o aborto deve ser ilegal”, respondem logo pelo que acontece ao feto, porque é vida humana, etc. Ou seja, têm uma opinião sobre o que se estão a manifestar.

    Para mim é muito simples. Se aquelas pessoas acham que fazer um aborto de um feto antes de este atingir a viabilidade “cá fora” é “matar uma pessoa humana”, só podem pedir para quem o faz pena semelhante aos outros homicídios. Ou então estão a dizer que umas vidas humanas são mais que as outras. Ou que as motivações de uns assassinos são mais razoáveis e compreensíveis do que outros.

    Para mim não é nada simples. Creio que de uma forma ou outra isso é assim para quase toda a gente, pró ou contra aborto, e admita-o conscientemente ou não – umas vidas humanas são mais que as outras, ou que as motivações de uns assassinos são mais razoáveis e compreensíveis do que outros. E do exemplo que dás, provavelmente muita gente acharia que uma mulher continuamente agredida pelo marido não deveria ir para a cadeia, ou deveria ter uma pena bem mais leve que sem essa atenuante…

    Também muito sinceramente, acho que muita gente que é pró-aborto também não tem uma opinião muito bem formada, e se se arranjasse uma pergunta igualmente capciosa no sentido inverso, também não faria uma figura muito melhor.

    Beijinhos

  6. Mozilla Firefox 2.0.0.11 Ubuntu Linux

    «quanto ao “porque o aborto deve ser ilegal”, respondem logo pelo que acontece ao feto, porque é vida humana, etc. Ou seja, têm uma opinião sobre o que se estão a manifestar.»

    Eles estão-se a manifestar, vou assumir, pela condenação moral da prática de aborto. Aí sim, eles sabem responder porque é que acham que fazer um aborto é “errado”, “mau”, etc. Mas quando o jornalista lhes pergunta se acham que a prática de aborto devia ser ilegal (uma vez que defendem que é errado, imoral, etc) eles respondem que sim mas hesitam ou não têm resposta para a inevitável e decorrente pergunta de “então qual a pena devida?”. Uma coisa é pedir a condenação moral de um comportamento, sensibilizar as outras pessoas para os aspectos negativos de determinado comportamento. Isto não implica criminalizar as opções comportamentais em causa mas sim levar as pessoas a escolher activamente outros comportamentos. Outra coisa é pedir a criminalização de tais comportamentos. Implica pensar e defender que são tão inaceitáveis que a sua inibição deve estar acima de opiniões e escolhas individuais e pessoais. No primeiro caso podemos incluir talvez o consumo de drogas legais e não-legais, os comportamentos sexuais de risco, os desportos radicais… 😛 No segundo, caberiam coisas como os homicídios, os comportamentos negligentes como a condução sobre o efeito do álcool, o abuso de crianças, etc. O ponto de diferenciação está no sujeito vítima dos comportamentos em causa: se o mal é meu devo ter direito a escolhê-lo, é uma opção minha e não prejudica ninguém (pelo menos directamente); se o mal é feito a terceiros, a sociedade deve protegê-los (e a si mesma, no fundo), criminalizando tais comportamentos.

    As pessoas neste vídeo parecem querer uma criminalização como a do segundo caso, mas com um enquadramento legal similar ao do primeiro caso. É incoerente. Se é ilegal é porque não é aceitável e se não é aceitável deve ser punido. SE não acham que as mulheres devam ser punidas por abortarem e que aquilo é entre elas e o deus delas, acaba por cair numa opção pessoal, mesmo que eventualmente auto-prejudicial.

    Eu vejo contradição no raciocínio, that’s all.

    E sim, do lado do pró-escolha também haveriam concerteza exemplos destes em trincheiras diametralmente opostas…

  7. spca diz:
    Mozilla Firefox 2.0.0.11 Windows 2000

    Olá.

    As pessoas neste vídeo parecem querer uma criminalização como a do segundo caso, mas com um enquadramento legal similar ao do primeiro caso.
    Sinceramente eu acho que esta questão sempre tem sido + ou – posta pela Igreja Católica, bem como parte dos grupos anti-aborto, como: se se aceitar a legalização do aborto, está-se a retirar grande parte da condenação moral ao mesmo. No caso dos EUA tem-se uma realidade religiosa e social bem + complexa do que aqui, mas imagino que isto seja visto da mesma forma.
    Há também a questão sobre se a legalização do aborto poderia aumentar o número de abortos como razão para a quererem impedir, mesmo sem querer condenar as mães.

    É incoerente.
    Concordo, pelo menos em parte.
    Podes pensar que para aquelas pessoas querem usar as armas que têm para impedir a ocorrência de abortos, tirando a arma de condenar as mulheres. Por isso acho que essa incoerência está de acordo com essa vontade.
    Provavelmente acharão, de uma forma geral, a condenação judicial uma arma pesada demais, que na maior parte dos casos não querem – um pouco como se pode ver uma bomba atómica como uma forma demasiado pesada de ganhar uma guerra e por isso indesejável.
    Sinceramente, da forma como eu vejo a questão do aborto, acho que ela tem na sua génese uma contradição essencial – o direito da grávida decidir sobre a sua vida versus o direito do embrião à sua vida. Por isso, acho que rapidamente se encontra contradições…
    E se calhar esta contradição vem de alguma não-condenação ou menor-condenação da mulher que faz o aborto, pelo menos em certas situações.

    hesitam ou não têm resposta para a inevitável e decorrente pergunta de “então qual a pena devida?”
    Muito sinceramente, tenho dúvidas quanto à “inevitabilidade” dessa pergunta, e dá-me a sensação que o filme foi feito numa intenção de fazer os manifestantes anti-aborto “fazerem má figura”. Vindo provavelmente não espontaneamente da cabeça do jornalista, mas pré-planeada pela equipa de produção, que procurou a melhor maneira de o fazer. As próprias campanhas anti-aborto na maior parte dos casos não defendem a criminalização da mulher apesar da defesa da sua criminalização, e a maior parte das pessoas mesmo anti-aborto não quer a condenação das mulheres – pelo menos por cá, e aparentemente pelo filme também nos States. Logo, é fazer essa pergunta – que já se sabia que provavelmente ia causar essa contradição/incoerência de antemão, logo provavelmente a sua relativa atrapalhação – com a pressão de uma câmara para a pessoa ter de responder sem muito tempo para pensar para se ver reacções destas.
    Também não sabemos se houve outras respostas “melhores” que foram cortadas, por ex.

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