Cycling Friendly: lin-do. Tem legendas em português brasileiro. [via viver na alta de lisboa] Vale a pena ver, faz-nos sentir vontade de chorar por vivermos noutro planeta… Ao reunir exemplos de países ricos e de países pobres passa-nos um brutal atestado de estupidez. Não é uma questão de dinheiro, nem de “cultura”, é uma questão de inteligência. Queria ter uma profissão que me permitisse trabalhar em casa sempre que quisesse só para não ter que sair à rua todos os dias e deparar-me com estes cenários degradantes e degradadores…
Se pudesse dedicava-me a uma organização de advocacy para fazer marketing e lobbying cultural, político e comercial para novos paradigmas no desenho e gestão dos espaços urbanos (e não só), na construção civil (mais ambiental e economicamente sustentável), e na mobilidade (mais saudável, mais eco-lógica, mais amiga das pessoas, das carteiras e do ambiente).
A chatice é que uma pessoa tem que trabalhar pra viver. Mas depois encontramos problemas que sentimos que temos que resolver porque aquilo nos afecta muito a nós ou aos outros. Mas esses problemas deviam ser evitados ou resolvidos pelas pessoas que a sociedade elege para tratar dos bens e serviços comuns. Mas essa gente farta-se de fazer asneiras, opta por “soluções” que não o são, na verdade. E ainda por cima são coisas que facilmente podemos ver como foram resolvidas noutros lugares antes, e aprender com isso. Cá ninguém sabe nada, ninguém aprende nada. Quer dizer, só nas conferências é que aparecem todos como uns senhores doutores muito cultos e viajados. Mas na prática é este atraso de vida generalizado que se vê e que se sente diariamente.
Bolas, eu não devia sentir necessidade de combater o meu próprio Governo. Eu não devia sentir necessidade de fazer o trabalho deles, ou tentar que eles façam melhor (or just do) o seu trabalho! Mas que merda, pá… Estou farta disto tudo. 🙁 Portugal é uma merda. É isso que sinto no dia-a-dia. Ok, às vezes recebo uns mails com uns slideshows muito giros a dizer que nós inventámos a Via Verde e mais não sei o quê. Isso é óptimo. Mas o que me interessa é que eu todos os dias tenho que passar por sítios horríveis, desumanizantes, que sufoco com o fumo, o barulho e o stress dos automóveis e camiões que circulam por todo o lado a abrir, e usurpam todos os mm2 de espaço público e privado disponíveis. Pior, que a merda das ruas, estradas, casas e tudo o mais é feito de forma que eu sinto que muitas vezes não tenho grandes alternativas a também usar a porcaria do carro. As pessoas querem livrar-se dos carros e não podem. Não têm condições para o fazer. Não têm condições para circular na rua. É uma tristeza. Mais, é um crime. E os responsáveis andam praí livres, a gastar o nosso dinheiro em merdas para português ver.
Sim, sim, não estamos em guerra e ainda podemos andar na rua sem corrermos riscos sérios de sermos alvejados ou sequestrados. Mas levamos uma vida pior quando temos as condições para levar uma vida tão melhor! É isto que me frustra acima de tudo. Quando algo não pode ser melhor porque falta qualquer coisa (dinheiro, condições físicas, conhecimento, etc) ainda vá. Agora se temos as condições, temos o dinheiro, o conhecimento está aí por todo o lado, mais não seja online! E porque é que insistimos em fazer coisas que se provaram erradas noutros locais há 30 anos?! Se isto não é de uma estupidez atávica e CRIMINOSA, não sei o que é…
Portugal tem muitas coisas boas, coisas bonitas, coisas inteligentes. Mas são a excepção e não a regra. A regra é a mediocridade. Porquê?
Às vezes penso que não seria assim tão louco direccionar-me para uma ocupação profissional tipo jornalista / fotógrafa / activista / empreendedora freelancer. Adoro escrever e adoro documentar coisas e adoro apontar o que está mal e dizer como e porquê. Mas depois penso que isso não me deve pôr pão na mesa. E lá voltamos nós à mediocridade do deixa-me-ficar-aqui-que-ao-menos-isto-já-conheço-e-pronto, deixem-me-no-meu-canto-que-eu-também-não-vos-chateio. Do you know what i mean?
Devia haver um euromilhões que desse jackpots de talento, coragem, inteligência, energia. Acho que jogaria mais vezes.
Ao ler o teu post todo não pude deixar de me identicar com ele suspirar “Como eu te compreendo…”
Pois, só queria que as pessoas que têm o poder de fazer estas coisas não me compreendam também… 🙁