O JN disse «carro atropela e mata homem em bicicleta». Não sei se o carro será acusado de homicídio por negligência, se será detido, não sei. Confesso que estou curiosa acerca da condutora do carro. “Guns don’t kill people, people do.” Claro que as armas são feitas para matar pessoas, nos carros isso é apenas um efeito secundário. Mas será que isso desresponsabiliza o condutor isentando-o da culpa de todos os efeitos secundários lesivos para terceiros decorrentes das suas acções?
Outra questão tem a ver com o conteúdo da notícia em si.
Uma testemunha referiu:
(…) só vi a carrinha a passar por cima do homem e da bicicleta (…). (…)a condutora do monovolume Vokswagen Sharan (…). “Devia vir do cruzamento junto aos semáforos e por isso não vinha com muita velocidade”.
Fonte da GNR opinou:
“A pessoa iria a circular na via e ao desviar-se de uns buracos, desequilibrou-se e caiu na estrada. A viatura que seguia atrás não teve tempo de reacção” (…)
(Deve ser uma viatura mais velha, estas mais modernas já reagem a estas coisas num ápice, pá. E até se estacionam sozinhas. 🙂 )
O jornalista introduziu a notícia assim:
Um homem que circulava esta quarta-afeira de manhã numa bicicleta, na Estrada Nacional 378, na Venda Nova, concelho de Sesimbra, teve morte imediata após ter sido atropelado por um automóvel e ter caído em plena via.
A testemunha e a GNR dizem que o homem caiu e foi depois atropelado. A jornalista diz que ele morreu depois de ter sido atropelado e ter caído na estrada. Fantástico. 🙂
Eu apenas me pergunto: se a condutora do carro ia assim tão devagar, como é que não conseguiu evitar passar por cima do homem e da sua bicicleta?… Ia a passar por ele demasiado perto, não? Não viu os buracos? Não viu o homem a desviar-se deles?… Há que pôr no nosso CE a noção de duty of care dos mais fortes para com os mais fracos…