Não é má. Mas também não é boa, na minha opinião. Aqui tento explicar porquê, com base nas primeiras impressões nos dois dias em que lá estive a trabalhar.
No site da biblioteca é dito o que podemos encontrar no novo edifício:
- Cerca de 7000 m2
- 5 Pisos
- 6 Salas de leitura com documentação em regime de livre acesso
- 40 Gabinetes individuais de trabalho
- 8 Gabinetes de trabalho em grupo
- Sala de leitura informal
- Bar
- Sala de exposições
- Auditório
- 3 Depósitos para documentação
- 550 Lugares de leitura
- Wireless
- 50 computadores disponíveis
- Equipamento de expurgo de documentação
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Começando pelos glitches mais fáceis (e ainda a tempo de resolver, i guess):
- Os WCs não estão bem sinalizados, não é baseando-nos nas placas (quase inexistentes) que os achamos.
- A sinaléctica dos WCs é estranha e ambígua, mais valia porem simplesmente “homens” e “mulheres”, em vez de dois bonecos quase iguais em que o mais inchado é a mulher… Como o dos homens não está ao pé do das mulheres, nem sequer tempos comparação para escolher quando lá vamos a primeira vez.
- Os WCs estão preparados para pessoas em cadeiras de rodas, e há elevadores, mas os acessos ao edifício e as portas de entrada não permitem a entrada a cadeiras de rodas…
- Alguns dos WCs (os para deficientes) não têm trinco, têm fechaduras “normais” mas sem chave…
- Há elevadores e há WCs preparados para cadeiras de rodas. Resta saber como as pessoas que andem numa acedem ao edifício.
A única porta de entrada em funcionamento tem um sistema de divisórias rotativas, empurradas pela pessoa que por lá circula a dado momento. Esse sistema não dá para alguém de cadeira de rodas usar. Há duas portas destas, lado a lado, mas só uma está a uso. Do lado interior as pessoas desembocam numa passagem com um sistema de alarme, mas que me parece desnecessariamente estreito. No exterior há um pequeno desnivelamento no piso, não sei para quê.
Ainda antes de chegar à porta, temos que chegar ao edifício. Ambos os acessos são desnivelados (not wheelchair friendly), e não há nada a impedir as pesssoas de estacionarem os carros à frente, bloqueando o acesso dos peões…
Não sei se haverá mais portas a funcionar no futuro, que sejam acessíveis fácil e rapidamente por eventuais pessoas em cadeiras de rodas. Também se poderá pôr a questão: tanta preocupação para quê se não há ninguém na FCT que ande lá de cadeira de rodas? Primeiro podemos perguntar o porquê de isso se verificar (talvez não haja lá ninguém porque não têm condições pra isso), e depois, se isso é verdade então porquê preparar os WCs no novo edifício para uma população que nunca lá chegará?
Eu não gosto das cadeiras, são demasiado altas e não consigo assentar bem os pés no chão. Acabo por ficar com as pernas inchadas e a sentir-me desconfortável rapidamente… 🙁 Com são todas assim não posso escolher outra mais adequada à minha altura. Isto é importante para mim, mas suponho que agradar a gregos e troianos seja difícil. 😛
Os PCs não são de trabalho, mas sim de pesquisa. O SO é o Windows. Se é para pesquisa e pouco mais porque não poupar dinheiro nas licenças e instalar Linux?
As impressoras e fotocopiadoras não estão isoladas das salas de leitura, logo o barulho que fazem ao serem utilizadas propaga-se pela biblioteca quase toda. Já era assim nas bibliotecas antigas e pelos vistos não se corrigiu na nova.
Os balcões de atendimento também não estão isolados dos espaços de leitura. Claro que não deviam estar isolados visualmente, mas deviam estar isolados em termos de som, para não se ouvir as conversas cada vez que alguém chega e pede informações ou ajuda ou whatever. Também já era assim nas bibliotecas antigas e também não se corrigiu nesta.
A biblioteca é muito open space, e na maior parte dos sítios tem bastante luz natural. No entanto vêem-se luzes acesas por todo o lado em sítios em que não é de todo necessário. Isto é dinheiro da faculdade simplesmente desperdiçado, e energia desperdiçada (o que implica poluição a montante, na sua produção, que não serviu para nada).
Gostei do último piso, em baixo. A sala de leitura informal, com os sofás e as revistas é agradável. 🙂 Achei o bar (ao lado) muito pequeno para a quantidade de gente que deverá circular naquele edifício.
Não percebo porque se grava som juntamente com as imagens da câmara de vigilância! É uma invasão de privacidade inadmissível e desnecessária num espaço e contexto daqueles, parece-me.
Achei gira a ideia do mural com fotos, mas aquilo é apenas do processo de instalação ali das esculturas. Chamam-se ‘árvores’ mas são de pedra:
«Conjunto escultórico constituído por dois elementos, um instalado no interior da Biblioteca e outro no pátio exterior. Separados pela vidraça, permite o prolongamento da peça do exterior para o interior, devido ao alinhamento dos elementos.O elemento que se encontra no interior simboliza a germinação, o do exterior o gérmen que se fez árvore. Assentes num plano horizontal com sulcos ondulantes, o rio do saber alimenta a árvore que se torna forte e robusta. (…) Peça executada em pedra (Brecha de Sto. António) com aproveitamento dos cristais que aparecem na pedra para sugerir a floração.»
Preferia árvores a sério, vasos, canteiros, espacinhos verdes e floridos aqui e ali. Está tudo muito nú. Canteiros já não dá, mas espero que “plantem” por ali alguns vasos com plantas bonitas… E uns bancos “de jardim” para o pessoal apanhar sol (e sombra) e ar fresco nos intervalos do estudo. 🙂
Há salas de trabalho em grupo, e salas chamadas “gabinetes individuais de trabalho”. Sinceramente não sei para que servem. Não serve para eu ir para lá estudar em silêncio porque são abertos e virados para as salas de leitura nos pisos mais abaixo! Além disso a divisória não chegou para dividir também as secretárias, por isso posso ver e ouvir os colegas do lado. Os gabinetes têm porta trancável, mas as pessoas dos gabinetes ao lado podem mexer nas minhas coisas se quiserem, a não ser que ponha tudo no chão quando me ausento… Assim, qual é a diferença (e a mais-valia) destes gabinetes versus as outras salas e mesas de trabalho?
Preferia ir estudar para os gabinetes de trabalho em grupo, que estão isolados do resto, como as salas de trabalho individual na biblioteca da FCUL. O sistema da FCT só funcionaria se fosse possível manter o silêncio em toda a biblioteca, sendo os gabinetes para grupos para se poder falar e fazer algum ruído. Achei os gabinetes individuais completamente pointless. Ainda por cima os alunos vêm em último na lista de prioridades para acesso aos ditos gabinetes! Os investigadores têm prioridade…
Sem sítio onde possa estudar ou trabalhar em silêncio aquela biblioteca não me resolveu problema nenhum… 🙁 Talvez os meus colegas (que lá continuam) tenham outra opinião mais favorável. Agora eles é que interessam, anyway.
Qual a lógica de gravar som num local onde é pedido que se esteja no máximo silêncio? 😉
lol Pois, vimos esse papel afixado na sala de leitura informal, no último piso de baixo, ao pé do bar, do auditório e espaço de exposições. Não sei se gravam som em toda a biblioteca.
Ia dizer que ali podemos fazer mais barulho, mas agora que penso nisso, se a biblioteca tem os pisos a comunicar, o barulho do espaço de exposições chega ao pessoal a estudar nos pisos superiores… Hmmm, não faz muito sentido, isto. 🙁
Whatever…
O meu gaijo já me tinha falado da nova bibi da FCT. Achei-a toda janota.
Se exitem assim tantas falhas, o que é natural uma vez que abriu há pouco tempo, não existe maneira de fazer sugestões para melhorar esses aspectos tão pertinentes que acabaste de referir? E arranjar um gestor de bibliotecas 😛 Não existe tal profissão? Está mal.
Há uns anos atrás deram-se ao luxo de comprar palmeirinhas com o dinheiro que sobrou do estado, porque não ter uma elevada conta da electricidade? Tu é que ainda não viste os painéis solares nas traseiras 😛
Sim, estou a pensar a quem vou expôr as minhas reclamações e sugestões. Ainda não decidi/descobri quem…
É que também fico naquela, “de que serve reclamar?”, aquilo já está feito, os principais defeitos são estruturais, não vão ser corrigidos, muito menos por sugestão uma simples aluna. Enfim…
As palmeiras custaram muito dinheiro mas não foi a FCT que pediu nem que pagou. Aquilo foi uma oferta da Reitoria da UNL. Na minha opinião a FCT não devia ter aceite, é uma pirosice, e as outras árvores eram muito melhores, mas é assim, pessoas cheias de “cagança” queriam dar à FCT um ar “imponente”. É assim que se gasta o dinheiro em Portugal, na cosmética…
Claro que vi os painéis solares! 😛 Estão lá desde que me lembro (quando entrei, em 1999). No entanto, penso que aquilo era de um grupo qualquer de investigação, e nem sei se estão em funcionamento, até tenho ideia que não… :-/
Os paineis solares já lá estavam em 1994 quando eu entrei mas para chegar a eles era preciso atravessar a selva amazónica 🙂
Vtrain
LOL… nem sabia que tinham paineis solares. Foi um tiro no escuro ou um desejo, afinal um edificio novo deveria ter paineis solares.
Porque as palmeiras dão um ar imponente? Que fossem umas sequoias, isso sim 😛
🙂 As primeiras palmeiras (não sei se ainda estão) foram colocadas numa rotunda no interior da FCT que não tinha areia mas pedras. Pedras, grandes lisas e muitas. Havia que dizia que era uma pedra por cada professor catedrático da Faculdade. E tanto se disse que um dia o director da faculdade (hoje reitor da universidade) chegou mesmo a usar esse hoax num discurso 🙂 hehe
Vtrain
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