Não tenho tido tempo para blogar. Aliás, não tenho tido tempo para pensar. Pensar, pensar na vida, filosofar, assimilar a vida e interiorizar o que vai acontecendo. Esse tipo de coisas.
Ultimamente ando muito focada no projecto da CaP e em tudo o que a envolve. Sinto falta de maior dispersão de interesses, actividades, temas. Tenho “mil” ideias que gostaria de pôr em prática, mas tudo é lento. Falta o tempo, o dinheiro, o focus, por vezes… Para mal dos meus pecados, não tenho ideias lucrativas, tipo “this will make me rich“. Até porque é difícil essas ideias serem de cenas que ajudam as pessoas e não que as exploram. 😛 Era bom ganhar um euromilhões chorudo ou ter nascido geneticamente dotada e saber e conseguir fazer tudo (ou muito) bem e depressa. 😛
Estou à espera que a minha vida comece, nunca me esforcei tanto para isso (em termos da relevância do esforço, that is…) como ultimamente, mas uma vida independente e encaminhada parece ainda um ponto num horizonte longínquo… No entanto, pela primeira vez na minha vida, faço aquilo que gosto (embora não apenas o que gosto) e isso dá-me uma sensação de vida com sentido, com objectivo, com valor. Sou uma pessoa muito focada no útil, no dever, no relevante,… e isso angustia-me quando ocupo o meu tempo com coisas cujo propósito não entendo ou não acho relevante ou uma mais valia para algo. Isto acaba por se revelar neste blog. Comparando-o com o primeiro que tive, no Spaces, este é muito mais focado num só tema, muito menos pessoal e sem aquelas pequenas histórias, produtos ou notícias do dia-a-dia.
Sinto falta de parar e pensar. E escrever. Divagar sobre a vida, as pessoas, o sexo, a política, a religião, a ciência, etc, etc… Estou a precisar de umas férias, mas pela primeira vez na minha vida, aquilo de que tiraria férias dá-me realmente muito gozo, pelo que não quero necessariamente tirar férias. 😛 Talvez esta ideia de juntar o útil ao agradável não seja boa ideia, pois tornamo-nos uns workholics. Se adicionarmos o facto de o fazermos por conta própria, é uma escravização voluntária total. 😛
Quero viver numa eco-casa: feita com materiais não tóxicos, reciclados e/ou recicláveis sempre que possível, bioclimática (que não precise de arrefecimento nem de aquecimento artificiais), totalmente pensada por mim, para as minhas necessidades e preferências, com sistemas de redução de consumo de água e sua reutilização, sempre que possível (ex.: mini-bio-ETARs), com energia eólica e solar (térmica e fotovoltaica) para ser energeticamente independente na medida do possível. Com uma cozinha/sala-de-jantar-e-de-estar, 2 WCs, 1 quarto, 1 sala e um escritório/atelier/oficina, para dar asas à criatividade. 🙂 Não quero uma casa grande nem pequena, mas ampla. Para não me sentir presa dentro de casa, mesmo que pequenita, tenho que ter um quintal, com árvores, plantas, flores, e um pouco de relva para me deitar e passar uma tarde. Não quero ter carro próprio, mas ser associada de um bom serviço de carsharing. Considero a possibilidade de ter um mini-carro, tipo smart, ou algum eléctrico or something, mas preferia não precisar. Talvez uma mota tipo Vespa para as pequenas emergências. Mas quero locomover-me essencialmente by bike. Viver num local esteticamente aprazível, integrado na Natureza (e não a Natureza integrada na cidade, embora isso já fosse bom, se compararmos com o cenário dominante actual…), onde possa ir na boa de bicicleta até à mercearia, farmácia, padaria, supermercado, cinema, cultura, desporto,…. Muito importante: não trabalhar nem muito longe nem muito perto de casa, para fazer sentido e ser viável ir de bicicleta. 🙂 Talvez entre 5 e 15 km, por exemplo. O melhor seria uma carfree city ou uma urbanização sem carros (excepto os do clube de carsharing). Um local de vizinhos sorridentes (sabem a raridade que é encontrar pessoas que sorriam frequentemente nas interacções sociais sem ter que pensar nisso?), simpáticos, razoáveis, dinâmicos em termos de comunidade, virados para o futuro, com quem se pudesse conversar, discutir coisas abstractas ou mundanas, boas pessoas. Ah, e muito importante, o trabalho. Tem que ser algo na área do desenvolvimento de um modo geral, e do ambiente, e se possível da mobilidade e da acessibilidade. Não quero ter filhos, acho que não tenho o perfil de mãe, sou distante das pessoas na interacção directa, sou “mãe” no aspecto de querer cuidar das pessoas e melhorar as suas vidas, mas nos bastidores. Quero viajar, é aí que quero estoirar o dinheiro que conseguir ganhar. E em livros e bicicletas. 😛
Este é o filme que passa na minha cabeça. 🙂 É uma utopia, pelo menos aqui e agora. Mas as realidades de hoje foram concerteza utopias ontem. Alguém teve que acreditar que podiam ser realidade e trabalhar para isso. “Os amanhã fazem-se hoje”. Além disso, sem espaço para sonhar uma pessoa esmorece e a vida torna-se um vazio sem qualquer sentido…
Vídeos interessantes aqui num TED espanhol:
http://www.infonomia.com/renacer/07/
Introdução da conferencia aqui:
http://www.infonomia.com/renacer/07/pon02.php
O vídeo que me fez lembrar o teu post:
http://www.infonomia.com/renacer/07/pon13.php
Apesar de ficar um pouco de pé atrás em relação a este tecno-optimismo-snobismo.
Agora mesmo estou a ver este e acho mais tocante, como alguém que descobriu algo que gosta de fazer e que sempre pensei que gostava de fazer:
http://www.infonomia.com/renacer/07/pon14.php
Ab
Mario
Obrigada pela dica, Mário. Vou explorar os vídeos logo que possa. 🙂