No domingo fomos espreitar a “Feira Lisboa Alternativa“, na Cordoaria Nacional, em Belém. Isto foi o que encontrámos ainda nem tínhamos entrado:
Segundo eles:
«A Feira Lisboa Alternativa está de volta, a pensar nos adeptos de uma vida natural e saudável (…).
(…) As pessoas estão cada vez mais atentas aos problemas do ambiente e empenhadas na protecção do Planeta (…).
(…)Acreditamos que é possível viver mais tempo, com mais qualidade de vida e deixar como herança aos nossos filhos um planeta Terra mais azul.(…)»
O que vi não transmite nada disto. Ainda se fosse só o público a fazer isto, mas não, o que não faltava eram carros e carrinhas dos expositores a obstruir totalmente o passeio…
Pode-se levantar a questão “e quais são as alternativas?”. Os expositores têm que ter acesso directo à feira, a organização, em conjunto com a Câmara, devia acautelar isso. O público em geral deixa o carro em casa e vem a pé, de transportes públicos, de táxi, de bicicleta, ou deixa o carro mais longe, onde haja verdadeiros lugares de estacionamento. O problema é que o cu pesa muito e já ninguém acha normal andar mais de 50 metros para alguma coisa…
Tudo muito natural e tal mas é só aparência. A falta de cultura de respeito por si próprio, pelos outros e pela natureza continua enraízada. Só que agora é in ser alternativo na comida, nas massagens, nos cosméticos…
Já no outro dia fomos à Exposição Viver as Cidades – Programa POLIS, no Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, e o que encontrámos expressa bem por que é que se gasta tanto dinheiro em fazer coisas mal feitas cá pelas nossas bandas.
Desperdício de dinheiro e matéria-prima para efeitos puramente estéticos inúteis. Pior, dificultam o acesso das pessoas à entrada da exposição, obrigando-as a dar uma volta desnecessária.
Uma exposição toda pipi no interior, no 1º andar (não sei se há elevador, não o vi, mas suponho que haja). Mas a exposição continua no exterior, nas varandas e átrios desse 1º andar. Curiosamente, lembraram-se de cobrir o chão de saibro nessas zonas também. Além de aumentar estúpida e desnecessariamente o ruído, dificulta o andar. E impede pessoas em cadeira-de-rodas ou com carrinhos de bebé (ou simplesmente com mobilidade mais limitada, como os idosos ou os “lesionados”) de circular por ali e ver toda a exposição…
Uma exposição de arquitectos feita para arquitectos. Gente que planeia as coisas na secretária. E depois dá naquilo que se vê todos os dias na rua, nos edifícios públicos, nas casas…
Nesta exposição não faltavam livros sobre as várias obras do POLIS. Havia livros inteirinhos dedicados a uma só obra. Por exemplo, a da ponte pedonal Pedro e Inês, em Coimbra.
Para quê gastar dinheiro público (assumo que seja parte da verba de “informação e sensibilização” do POLIS) em livros para os arquitectos? O que é que o livro interessa ao cidadão? O que interessa é que a ponte tenha sido bem construída, seja de boa qualidade e sirva bem o propósito. É essa a sensibilização do público, ver obra feita e bem feita, e sentir que o dinheiro público é bem empregue. Se é preciso um livro para lhe explicar o valor da obra, algo está mal.
Enfim. Ainda bem que à última da hora acabei por não ir para Arquitectura. Ter que lidar diariamente com gente que vive na lua levar-me-ia à loucura!
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