BCSD e mobilidade urbana

Há uns tempos atrás descobri o site do BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, uma associação sem fins lucrativos, criada em Outubro de 2001 e associada ao WBCSD – World Business Council for Sustainable Development. Segundo eles, «a missão principal do BCSD Portugal é fazer que a liderança empresarial seja catalizadora de uma mudança rumo ao Desenvolvimento Sustentável e promover nas empresas a eco-eficiência, a inovação e a responsabilidade social.» “Dedicated to making a difference“, soa a um bom slogan (desde que a diferença seja boa, claro! :-P).

Fui dar ao site depois de tropeçar num pdf deles sobre mobilidade urbana. Do documento:

«Young Managers Team (YMT) é uma iniciativa inovadora, que constitui uma oportunidade de crescimento profissional num ambiente multisectorial proporcionado pelos membros do BCSD Portugal (…) e, simultaneamente, uma aposta das empresas nos seus quadros mais promissores, garantindo uma forte componente de formação numa área estratégica, como é o desenvolvimento sustentável. A primeira edição deste projecto – YMT 2005 – reuniu um conjunto importante de empresas associadas do BCSD Portugal (…) num total de 17 empresas e 22 participantes. Formaram-se duas equipas que, ao longo de um ano, desenvolveram uma agenda de trabalho dedicada aos temas da Inovação e da Mobilidade Urbana Sustentável.» «Neste contexto a equipa Albatroz desenvolveu o seu trabalho no âmbito da problemática da Mobilidade Urbana.»

«Face ao cenário desenhado, aproveitando o papel dinamizador do BCSD Portugal, cujas empresas abrangem um universo de cerca de 170 000 trabalhadores, e reconhecendo que estas têm condições para serem actores decisivos de mudança, pretendemos com este projecto evidenciar a sua co-responsabilidade nesta temática e esperamos que possa servir como uma primeira orientação na adopção de boas práticas de Mobilidade Sustentável.»

Bom, não sei se o tal estudo se traduziu em alguma mudança positiva significativa nas opções de mobilidade dos funcionários daquelas empresas, suponho que não (um estudo não muda nada, tem que haver gente a mudar as coisas após o estudo…), mas reparei especialmente nuns gráficos que eles apresentam no documento:

mobilidadecasatrabalho.jpg

Pena que são de trabalhos diferentes e, logo, não são totalmente comparáveis. Além disso, o do Porto é de 2001 e o de Lisboa é de 2002.

Em Lisboa, 51.6 % das pessoas desloca-se de transportes públicos (autocarro, elećtrico, metro ou comboio, 12.6 % dos quais neste último), 39.2 % desloca-se de automóvel (veículos privados), 4.5 % a pé, 3.5 % de mota ou bicicleta.

No Porto, só 21 % das pessoas se deslocam de transportes públicos (20 % autocarro, 1 % comboio). Talvez isto se prenda com a oferta. Cá temos várias linhas suburbanas de comboio, as várias linhas de metro, alguns eléctricos, uma série de operadores de autocarros,… Como será no Porto? Nunca lá fui, não conheço nem estou informada. O Metro de superfície já deve ter entrado em funcionamento após este estudo. 54 % deslocam-se de automóvel particular (mais que em Lisboa). Também há mais gente a deslocar-se a pé, 16 %, e um pouco mais de mota ou bicicleta, 5 %. No Porto, 76 % das pessoas usam meios de transporte rodoviários (públicos e privados, e em conjugação com outros). Devia ser ao contrário, 24 % de carro e os outros 76 % a pé, de bicicleta, de eléctrico, de metro e de comboio… 😉 Quando será que Portugal verá o fim da soberania do automóvel, do alcatrão, do ruído e da poluição, dos mercenários, negligentes ou simplesmente distraídos mas sempre demasiado impunes?

Gostava que tivessem desdobrado a % de pessoas que vai de mota ou bicicleta. Os bike commuters ainda devem ser praticamente invisíveis no bolo geral… 🙁

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