A tertúlia de ontem foi… interessante.
Fomos de carro, comboio e bicicleta.
Chegámos um bocado atrasados (30-40 min) por causa de um curso de formação que estamos a fazer em Sintra, e que termina lá para as 17h. Quando chegámos à Crew Hassan vimos logo uma data de bicicletas estacionadas cá fora, presas a umas grades e umas às outras.
Lá dentro, além das nossas duas estava uma outra bici dobrável. 🙂
Ora, 10 bikes para umas cerca de 40-50 pessoas presentes lá dentro (no pico, digamos), dá cerca de 20 % de bike commuters! 🙂
Mal entrámos vimos o Daniel Oliveira a falar com outra pessoa à entrada, junto ao balcão (acho que estava ali por coincidência, não esteve na tertúlia). E a começar a fumar mesmo apesar de haver sinais a indicar a proibição, mas ao perguntar/confirmar à rapariga ao balcão esta diz-lhe um não que se torna sim… Enfim. Apesar dos sinais, havia mais gente a fumar. Não compreendo. E depois ficam surpreendidos se lhes pedimos para não o fazerem por nos sentirmos incomodados (isto pessoas que, supostamente, sabem o que é sentir-se incomodado pelo fumo dos carros; claro que há fumos e fumos, não é?).
Chegámos a tempo de apanhar parte da apresentação do Mário Alves, mas estava a sala cheia e ficámos a tentar ver e ouvir alguma coisa um bocado atrás, já na sala ao lado.
Depois seguiu-se a apresentação de um rapaz cujo nome desconheço. Não sei se será o António Cruz, o Ricardo Sobral,… do Tiago Carvalho. Já conheço uma série de nomes e uma série de caras, mas enquanto algumas associações cara-nome já estão “consolidadas” outras ainda andam nebulosas… :-/
Ele fez a resenha do que os programas eleitorais dos vários candidatos às eleições para a CML referem acerca da mobilidade, nomeadamente do uso da bicicleta. Alguns candidatos não têm propostas nesse campo. Um não tem porque acha que Lisboa não é sítio para isso. Enfim.
CDS-PP: Telmo Correia
PSD – Fernando Negrão
BE – José Sá Fernandes
CDU – Ruben de Carvalho
Cidadãos por Lisboa – Helena Roseta
PNR – José Pinto Coelho
PS – António Costa
Enquanto ele falava o José Sá Fernandes interveio para corrigir/rectificar umas coisas referidas e que ele dizia que não era assim, mesmo apesar de o debate que se seguiria servir justamente para essas correcções e outros comentários… Quando chegou a hora, lá discursou um bocado.
Depois o representante da CDU, se não me engano, mas cujo nome não conheço.
E depois o representante da Helena Roseta, cujo nome também desconheço.
[Desculpem a foto com um ângulo estranho, mas o senhor estava atrás de mim, e eu estava sentada no meu banquinho do campismo, a fotografá-lo de baixo pra cima…]
O único candidato presente foi o José Sá Fernandes (penso que todos foram convidados). Dos outros, a Helena Roseta, a CDU e, parece, o MPT tiveram representantes a marcar presença. Pelo que me apercebi, estiveram mesmo lá a ouvir as apresentações (pelo menos a do Mário e a outra, da resenha das propostas eleitorais). Depois do direito de antena pós apresentação o pessoal começou a dispersar… Já estava muito menos gente a ouvir a pequena apresentação seguinte, do Frederico Bruno, a alertar para os principais défices portugueses no que toca a evolução e progresso:
E depois para o debate a seguir já só estavam lá umas 10-12 pessoas. Ora, dessas, pelo menos umas 5 já estão “imersas” neste tema. As pessoas que mais interessava ter ali deram à sola… Por causa da falta de gente e também pelo “adiantado” da hora (talvez umas 20h30), já não se passou nenhum vídeo. 🙁 Fica para este próximo domingo, às 17h, depois da Cicloficina, que começa às 14h30, na Rua dos Bacalhoeiros.
O espaço:
Vista para a rua:
Aquele casal não poderia caminhar assim abraçado nos passeios, porque não têm largura suficiente… Ainda bem que pedonalizaram a rua. Só falta mudarem o pavimento para algo mais amigável. 🙂 E colocar uns Us invertidos para estacionar bicicletas. 😉
No regresso voltámos a passar pela Baixa, aé ao Cais do Sodré para apanhar o comboio.
Tenho-me apercebido de como Lisboa é – ou pode ser – agradável quando regresso de alguma coisa e lá passo ao anoitecer. No lusco-fusco. 😉 Em que ainda há luminosidade, mas há muito menos carros estacionados e a circular, e também menos magotes de peões. Respira-se melhor, tem-se a sensação de espaço, e a rua convida a estar lá fora. Até a luz é bonita. Se o mobiliário urbano fosse mais frequente e mais people-friendly, se a cidade fosse limpa, restaurada, e habitada, seria um sítio espectacular para viver, trabalhar ou simplesmente estar. Tudo é perto. Há tudo ali. Podia ser tudo tão diferente, tão melhor. Estaremos condenados a sub-aproveitar os nossos recursos e a sub-viver a nossa vida desnecessariamente?…
Quanto aos media, só tenho conhecimento de uma notícia sobre a Tertúlia, no Sol, pela Susana Teodoro. O texto está bem escrito e dá para ver que foi escrito por alguém que esteve no local e prestou atenção. No Correio da Manhã referiram a participação do José Sá Fernandes numa notícia sobre a agenda diária dos vários candidatos. Eis a pérola, pela Janete Frazão:
Da parte da tarde, Sá Fernandes dedicou-se ao desporto, participando da tertúlia ‘Bicicleta é Transporte’ – Crew Hassan Cooperativa Cultura. Recorde-se que o candidato já defendeu, em fase de pré-campanha, a criação de ciclovias como forma de sensibilizar os lisboetas para o uso “de transportes alternativos e não poluentes”.
Deveria ter dito “dedicou-se à mobilidade”, mas não, escolheu dizer “desporto” para desvalorizar o tema e a opção política e/ou porque simplesmente não sabe do que fala. Por que é que uma pessoa pegar numa bicicleta e ir ali ao fundo da rua buscar pão, ou ir para o trabalho, é “desporto”? Quiçá pegar nas perninhas e fazê-lo a pé também é “desporto”? Não me digam que qualquer movimento ou actividade básica que eu desenvolver com o corpo, com os músculos, é “desporto”. Esta gente já é mesmo muito sedentária. Qualquer coisa que implique não estar sentada à secretária ou no carro é fazer desporto. Não sei se hei-de rir ou chorar…
Quanto ao que eu penso disto tudo… No início, quando se falou disto acerca do António Costa, veio-me logo à cabeça “aproveitamento político”. Ainda mais quando o próprio é o primeiro a dizer que há anos não pegava numa bicicleta (significa que nem em lazer), aquando do passeio “Lisboa Antiga de Bicicleta” da FPCUB. Depois apareceram as mesmas notícias acerca do José Sá Fernandes. A Helena Roseta não enfatizou o tema das bicicletas porque, penso, já demonstrou essa preocupação antes.
A intervenção mais “autêntica” pareceu-me a do representante da Helena Roseta, tal como citou a jornalista:
Já o movimento ‘Cidadãos por Lisboa’ que apoia Helena Roseta, defende que o que conta é «liderar pelo exemplo», vincando o facto de nenhum político ter o hábito de utilizar a bicicleta como meio de transporte.
Como propostas concretas dizem que antes de mais é preciso a redução drástica do trânsito em Lisboa, o que poderia ser feito, por exemplo, com o aumento e alargamento das faixas destinadas aos autocarros.
Acima de tudo o movimento independente «não concorda com a segregação», afirmando que as vias destinadas unicamente a bicicletas são «folclore político».
Concordei em absoluto com a cena do exemplo. Eles não andam de bicicleta, nunca andaram, logo não sabem do que estão a falar. Será que alguém na equipa deles anda, e sabe? Porque senão fica difícil acreditar na autencicidade das intenções… Também concordo com a futilidade da criação de vias especiais para ciclistas dentro da cidade. Fica mais barato e mais fácil integrar o trânsito de carros e bicicletas e peões. Só concordo com ciclovias para percursos de lazer e desporto e tipo “via rápida”, para atravessar rapidamente zonas da cidade. Um caminho destes ribeirinho, entre Cascais e Parque das Nações serviria os usos turísticos, de lazer, e utilitários.
Bom, enfim, já chega de deambulações. Vamos ver o que sai destas eleições. O meu palpite é: pouco ou nada. “Um pessimista é um optimista realista”. 😛
O não da rapariga que depois se transformou em sim, transformou-se em sim porque ela própria estava a fumar. Só não se podia fumar no balcão, de resto havia cinzeiros na sala. As minhas desculpas eram por estar a fumar ao balcão. Saí de lá. Fica feita a rectificação. Fui para a tertúlia, mas estava demasiado cheio e por razões que não interessa aprofundar eu não consegui ficar de pé. O representante da CDU era Carlos Moura. O de Roseta não sei. Um abraço. >Gostei de conhecer o seu blogue.
Olá Daniel,
Pois é, ontem à noite o meu namorado comentou justamente isso comigo, que a rapariga também estava a fumar. Confesso que nem reparei ou então não me lembrei. Só me recordava da hesitação dela e associei-a “aos brandos costumes”.
Quanto aos cinzeiros na sala, não reparei, mas lembro-me de ver pelo menos 1 cartaz de “proibido fumar” na sala, penso que naquela onde decorria a tertúlia. Mesmo assim, havia pessoas a querer fumar junto à janela e à porta da sala (onde nós estávamos).
Não tenho nada contra os fumadores ou o direito a fumar (seja o que for). Desde que não me obriguem a fumar também. 😉
Até à próxima!
Cumps
Olá,
Eu sou o rapaz que fez a resenha, agora já sabes o meu nome. Desconfio que enquanto fumava um cigarro, tu terás sido aquele que se sentiu incomodado com o fumo. Até à próxima,
Tiago Carvalho
Olá Tiago,
Obrigada pela info. Já tenho mais uma associação nome-cara “certificada”. 😉
Não me lembro de te ver a fumar, só enquanto fazias a apresentação. Não terei sido “‘aquele’ que se sentiu incomodado com o fumo”, mas ‘um daqueles’. 😉
Até à próxima,
Ana
Pingback: Tertúlia da Bicicleta 2008 at b a n a n a l o g i c