Iniciativas de reclamação do espaço público

O que não falta neste país são pracetas entre prédios onde o espaço supostamente público existente está permanentemente ocupado por alcatrão e automóveis estacionados. Não há jardins, praças, parques. Os putos não saem à rua para brincar porque ou não há espaço ou é demasiado perigoso por causa dos carros. A vista da janela desses prédios é um local árido, seco, quente, de chapa a luzir.

Não está certo eu pegar no meu carro de 5 lugares, conduzi-lo até ao meu local de trabalho (sendo eu o único passageiro), e estacioná-lo na rua (mesmo que num “sítio de estacionamento”), com parquímetro ou não, e deixá-lo lá a ocupar um espaço que é de todos durante umas 8 horas todos os dias, e nesse tempo esses recursos – o carro e o espaço no solo – não estarem a servir para nada, a desenvolver nenhum tipo de trabalho, utilidade ou mais valia.

Tem que haver carros, e espero que continue a haver porque são muito úteis. O problema está nas proporções das coisas e na adequação dos meios de transporte aos locais e às necessidades. Neste momento há demasiados carros a circular, demasiados carros estacionados na rua (um espaço público!), e falta de alternativas na oferta de modelos de automóveis. As consequências são um muito elevado e desnecessário consumo e dependência do petróleo, demasiada poluição, demasiado ruído, demasiadas mortes e demasiados estropiados, demasiados órfãos. E também uma despesa desnecessária para as famílias e para o Estado.

O Estado poderia desempenhar um papel na promoção de automóveis multi-combustível, híbridos, etc. E também no incentivo a automóveis mais pequenos. Há uma série de modelos, quer eléctricos, quer a combustíveis fósseis, que oferecem uma maior segurança e conforto do que uma mota mas são também menos volumosos (ver exemplos neste outro post).

Não vou fazer disto um Tratado, queria só chamar a atenção para umas iniciativas de reclamação do espaço público nos EUA que achei deveras interessantes.

PARK(ing) [via Inhabitat]

PARK(ing)

Paga-se o espaço no parquímetro e depois monta-se um mini-jardim temporário. Isto numa zona em que o espaço público está reservado aos carros e há poucas ou nenhumas ofertas de espaços públicos de lazer (parques e jardins) para as pessoas usufruirem. Mais info aqui.

P(LOT) [via Inhabitat]

P(LOT)

Este projecto reclama espaços de estacionamento e transforma-os em mini “salas de estar” móveis, na forma de tendas feitas de lonas de carro recicladas. O P(LOT) questiona a ocupação e dedicação do espaço público e incentiva reconsiderações sobre participação “legítima” na vida urbana. Contrariamente ao procedimento comum de usar espaços de estacionamento municipais como superfícies de armazenamento para veículos, o P(LOT) propõe o aluguer dessas parcelas de solo para propósitos alternativos. Mais info aqui e aqui.

Sem ter directamente a ver com isto, encontrei há dias este texto aqui. Imaginem que por cá também tínhamos gente no poder com esta fibra?…

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1 Response to Iniciativas de reclamação do espaço público

  1. Manuel Pereira diz:
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    No moinho de marés de corroios, existe um espaço entre o referido e uns pilaretes que foram colocados a cerca de 60m.
    Nesse espaço e antes destas obras viam-se muitos carros e passeantes a darem a sua voltinha pelo moinho e pela margem junto ao rio judeu. Após colocarem os ditos pilaretes, o moinho e o espaço adjacente encontram-se desertos. Não se vê vivalma.
    Afinal de contas qual o fim a que se destinaram as obras, se os espaços são projetados para que os utentes não tenham o acesso facilitado.

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