Hoje à tarde fui ao supermercado (e damn it, esqueci-me dos sacos de pano…).
Há uns tempos que não o fazia (a despensa andava sempre pelas ruas da amargura). Peguei na bicicleta e lá fui, parei nos Correios para enviar uma encomenda, e depois segui. O Polisuper fica longe. 😛 Ao ver o podcast da apresentação mais recente do Mário na E-Nova, em que mencionaram Porto Salvo para indicar uma zona com uma densidade populacional muito baixa, é que pensei realmente nisso. Sim, isto é pouco denso. E há subidas (e descidas, felizmente!). Para sair daqui desço. E o regresso a casa é a subir. I deal with it. No big deal most of the times. Mas qualquer deslocação para mim (Correios, super ou hipermercado [tenho mercearias mais perto, mas muitas vezes opto pelo Polisuper porque sei que lá encontro produtos ou marcas que aqui não têm], estação de comboios, parques, etc, são alguns quilómetros e mais ou menos subidas garantidas, e passagens por zonas de campo, não urbanizadas, outras de bairros de moradias, um urban sprawl variável mas visível, ruas mais estreitas, outras estradas mais largas e movimentadas, etc. Por isso fico um bocado intrigada quando alguém comenta as minhas escolhas “de equipamento” fazendo observações do género “eu não uso nada”, “por que não pedalar como as dinamarquesas/holandesas”, etc, etc. Como se o mundo fosse Amsterdão ou Copenhaga. Gostava de ver esses “Copenhagen Cycle Chics” todos a pedalar nas suas belas fatiotas e bicicletas podres ou lindas mas com 30 kgs e com 2 ou 3 velocidades, nos meus trajectos habituais aqui pelos subúrbios. Não dava um blog tão sexy, concerteza. 😛
Acabo por me identificar muito mais com a scene americana do que com o hype of the nordic way… Talvez fosse diferente se eu não vivesse em Porto Salvo, com 1.933 habitantes por m2, e sim na Graça, por exemplo, com 20.470 hab/m2.
Pois… sinceramente identifico-me com as bicicletas clássicas, gosto das nossas pasteleiras e das parentes utilizadas nos países nórdicos. Também acho piada ao “hype” das fixed gear ou mesmo single-speed.
Mas… eu moro no Porto! Não é um cidade doce para os nossos músculos de forma que um bom punhado de velocidades dá um jeitaço do caraças 🙂
Mesmo assim, e nem que seja para uma utilização mais domingueira, ando a recuperar uma pasteleira sequestrada de um ferro-velho. E não ponho em causa um dia construir uma “fixie”. Gosto de binas. 😉
Existe um excelente post sobre o tema no blog Copenhagenize.
http://www.copenhagenize.com/2007/11/debunking-flat-countrybike-country-myth.html.
Sim Copenhagen é plana, mas não Aarhaus, Oslo, Berna, etc. Eu mesmo enfrentava várias subidas em bicicletas com compras em minha cesta e no bagageiro em Tóquio. E nada de 2 ou 3 marchas. Nada de marcha. E sempre bem vestido.
E continuo a pedalar assim em São Paulo.
Issac, isso é excelente. A minha questão é apenas esta: o mundo não é homogéneo. 🙂