Workshop “Livro Verde Para uma Nova Cultura de Mobilidade Urbana”

Fui a este workshop no passado dia 13 de Fevereiro. Decorreu no CCB e foi organizado pelo IMTT (um novo instituto que incorporou as antigas DGV e DGTTF). Na verdade não foi um workshop, foi mais uma conferência…

Aquilo foi dividido em 7 temas:

1 – Vilas e cidades descongestionadas
2 – Vilas e cidades mais verdes
3 – Transportes urbanos mais inteligentes
4 – Transportes urbanos mais acessíveis
5 – Transportes urbanos seguros
6 – Criação de uma nova cultura de mobilidade urbana
7 – Recursos financeiros

De manhã decorreram em paralelo 4 sessões, cada uma dedicada a um dos 4 primeiros temas. Foi-me difícil escolher, queria ir a todas, mas tendo que optar, escolhi o tema 4.

Workshop IMTT: Livro Verde para uma Nova Cultura de Mobilidade

Teoricamente, os temas 5 e 6 seriam tratados transversalmente em todas as sessões. De tarde seria discutido o tema 7, na última sessão do dia.

Workshop IMTT: Livro Verde para uma Nova Cultura de MobilidadeWorkshop IMTT: Livro Verde para uma Nova Cultura de Mobilidade

Na verdade, o tema 5 foi “esquecido”. Pelo menos nas sessões em que participei (4 e 7)… Foi neste tema que vi o parágrafo que me “indignou”:

009/365 || 13 Fevereiro 2008

A propósito do “comportamento mais prudente”:

Para aumentar a consciencialização dos cidadãos sobre o seu comportamento na estrada, há que dar prioridade a campanhas de educação e informação. Sugere-se a organização de campanhas de segurança e de iniciativas especiais de formação dos jovens e a consagração de uma das próximas jornadas europeias de segurança rodoviária às zonas urbanas. As partes interessadas sugeriram também que se fomentasse o comportamento prudente dos ciclistas, promovendo, por exemplo, a utilização de capacetes em toda a Europa ou a investigação sobre desenhos de capacetes mais ergonómicos. A aplicação mais severa do código da estrada é igualmente essencial para todos os motociclistas, condutores de ciclomotores e ciclistas. As partes interessadas sugeriram que a UE apoiasse actividades de vulgarização de dispositivos de controlo activo nas vilas e cidades para todos os utentes da estrada.

A melhor sugestão para um comportamento mais prudente por parte dos ciclistas é que estes usem capacete?!… Eu pensava que o mais importante, relevante e urgente fosse ensiná-los a circular na estrada em segurança, e ensinar os outros utentes da estrada a respeitá-los e a agir de forma a não colocar em risco a sua segurança…

E depois consideram ainda igualmente essencial a aplicação mais severa do código da estrada justamente aos elementos mais fracos da “cadeia alimentar rodoviária” e aos que estão mais vulneráveis aos erros cometidos por eles próprios e por todos os outros utilizadores da estrada… Eu pensava que urgente e essencial era aplicar o CE mais severamente aos condutores de máquinas de várias toneladas, homicidas e fazedores de caos urbano em potência…

Fquei a saber também que «em 2005, morreram nas estradas da UE 41 600 pessoas», estando «ainda muito longe o objectivo comum de 25 000 acidentes mortais por ano até 2010». Há que ser realista, mas estes objectivos são um bocado sinistros. 😛

Esperava deste workshop algo mais como a sessão participativa do campus verde, na FCT, ou a da Agenda XXI Local de Oeiras, mas não, foi muito tradicional e pouco interactiva…

Aprendi algumas coisas, mas foi mais interessante por ter lá encontrado algumas pessoas conhecidas do que outra coisa. Infelizmente, as minhas social skills ainda me inibem muito e sou incapaz de ir e meter conversa facilmente seja com quem for, ainda mais se não as conheço já… 🙁

De qualquer modo, o que me chateia nisto é que estou farta de ir a conferências e afins nos últimos anos e nada muda. Falam bem mas não fazem nada. O problema é sempre outro, quem tem poder é sempre outro. E assim vamos, estagnados e atrasados… Estou farta de conversa de chacha, quero fazer alguma coisa, quero encontros e reuniões de realização e não de exposição e desfile de vedetas e bons fatos e currículos.

Provavelmente para inglês ver, mas os contributos para a discussão pública deste Livro Verde Para uma Nova Cultura de Mobilidade Urbana são bem-vindos e podem ser enviados por e-mail ou colocados directamente no site do Livro Verde no IMTT, em cada uma das secções/temas.

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4 Responses to Workshop “Livro Verde Para uma Nova Cultura de Mobilidade Urbana”

  1. Simão Dias diz:
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    Não discordando do que foi escrito, mas confiando nos conhecimentos de quem escreveu o dito parágrafo (assim como na sua boa fé), pergunto se essa medida (utilização de capacete para ciclistas) não estará relacionada com a estimativa de caso se usem capacetes, dos acidentes ocorridos, x seriam menos graves e como tal ser uma medida de simples aplicação e com resultados (ainda que limitando e interferindo na liberdade dos ciclistas)?

  2. Mozilla Firefox 2.0.0.12 Ubuntu Linux

    Sim, deve estar relacionada, claro. Eu acho boa ideia usar um capacete, sempre que seja prático e apropriado. Mas discordo absolutamente da obrigatoriedade do seu uso em adultos. Os efeitos de tornar o uso de capacete obrigatório já estão estudados e são negativos ao nível da promoção do uso da bicicleta e, por conseguinte, negativos também para a saúde pública (doenças associadas à falta de exercício físico, e mais acidentes por perda do efeito de “safety by numbers”). É uma questão complexa e polémica e hei-de escrever um post sobre isto um dia destes…

    A questão é: tornar obrigatório o uso de capacete só vai levar a que menos pessoas andem de bicicleta e, consequentemente, que aqueles que andam o façam em menos segurança. Além disso, não faz nada para resolver as causas dos acidentes. O capacete não previne acidentes (pode até aumentar o seu risco), apenas pode tornar um pouco menos graves as consequências de ter um acidente. É uma medida passiva com demasiadas consequências negativas a nível da segurança geral, para ser aceitável. A obrigatoriedade do uso de capacete retira ao ciclista liberdade para julgar as circunstâncias em que usa a bicicleta a dado momento e escolher usar ou não o capacete de acordo com elas. Ex.: Vou na ciclovia do Guincho a um domingo às 9 da manhã, a pedalar a 5 km/h e a conversar com o meu namorado. Precisarei mais de um capacete do que o tipo que passa por mim a fazer jogging?

    O uso de capacete deve ser objecto de educação e campanhas de sensibilização, e nunca uma obrigatoriedade.

    Sei que assim parece demasiado “ah é assim porque eu disse ou porque eu acho”, espero poder defender a minha posição brevemente num post como deve ser. 😉

  3. Paulo Andrade diz:
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    Concordo com a Ana, pois sou contrs o uso obrigatório do capacete. Por outro lado, acho que muito há a fazer em termos de mobilidade associada à bicicleta: armações metálicas para estacionamento; plataformas exteriores nos autocarros dos transportes públicos; obrigação no código da estrada d os carros darem uma distância de 1,5m em relação aos ciclistas….
    Saúde
    Paulo

  4. catarina diz:
    Mozilla Firefox 2.0.0.12 Windows XP

    Nestas workshops/conferências sobre o verde e mobilidade na cidade, pergunto-me sempre como é que os senhores que apresentam as propostas se deslocaram para o evento… partilho da mesma opinião sobre o uso do capacete, quer a passear no guincho quer a andar no trânsito da cidade.

    Boas pedaladas (:

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