Lá fui ontem à conferência do Mário Alves, “Um novo paradigma de planeamento da acessibilidade – a ratoeira de Midas“.
Já houve muitas outras deste ciclo a que quis assistir mas por diversas razões nunca cheguei a ir. Ontem quase que desistia porque não encontrava aquilo. Já estava uns 20 minutos atrasada quando finalmente me sentei no auditório, depois de ter visto “CIUL” escrito num vidro no 2º andar da praça interior do Picoas Plaza. O segurança não levantou problemas à Mobiky, perguntou-me apenas se conseguia levá-la pelas escadas. No problem! 😉 Depois deixei-a com o staff. A estrada e os passeios daquela rua (R. do Viriato) são uma porcaria, not Mobiky-friendly. 🙁 Fui de Oeiras até Santos pela Marginal e deixei o carro num parque imediatamente antes do Àgora. Depois saquei da bici do porta-bagagem e pedalei com prazer até à estação de comboio/metro do Cais do Sodré (talvez uns 500 metros?). Apanhei o metro até à Baixa, depois mudei de linha e saí na estação do Marquês de Pombal (pra evitar mudar de linha outra vez) – aí vi as bancas da Feira do Livro já montadas ao longo do Parque Eduardo VII. Fui a pedalar (pelo passeio) até ao Imaviz e andei por ali à procura da rua e depois do espaço do CIUL (Centro de Informação Urbana de Lisboa). Na Av. Fontes Pereira de Melo o passeio é em calçada portuguesa bem feita e a Mobiky rola bem. 🙂 Se não fosse a porcaria dos passeios não desnivelados nas passadeiras podia ter feito aquilo tudo sem desmontar. Enfim.
Gostei da conferência. 🙂 O tema interessa-me muito e os slides eram simples, pouco texto, só para apoiar o discurso. Algumas coisas já conhecia/sabia, mas muitas outras não e é sempre bom sabermos mais (aumenta a nossa percepção da nossa própria ignorância e isso torna-nos mais cautelosos – e mais justos – a avaliar as coisas e as pessoas).
Gostei de ver o exemplo de recuperação de um rio chinês.
À medida que o Mário ia falando comecei a aperceber-me de que já tinha lido ou ouvido falar daquele projecto, mas deve ter sido há bastante tempo porque nem consegui vislumbrar a possível fonte. Mas é um exemplo brutal. 🙂
Também gostei da diferente definição de acessibilidade (um conceito usado actualmente apenas para traduzir “estradas”):
O gráfico da velocidade dos carros vs. taxa de sobrevivência dos peões em caso de colisão também é impressionante…
Uma das coisas que o andar de bicicleta na estrada me ensina, é a percepção da velocidade e do risco. De bicicleta vou a 25 Km/h e já sinto que vou depressa e que se cair ou se alguém for contra mim haverá estragos. Se for numa descida ou a pedalar que nem uma maluca e atingir ou passar os 40 Km/h já me sinto em perigo. 😛 Dentro de um carro sinto que vou super devagar. E noto que a percepção da velocidade se altera muito com o tipo de carro. Quando guio o jipe do meu pai (não, ele não anda com um jipe no dia-a-dia, felizmente) por vezes apanho-me em excesso de velocidade porque sinto que vou muito devagar quando até vou depressa (isto a qualquer velocidade). No meu carrito indo à mesma velocidade ter-me-ia apercebido melhor que ia depressa. Quanto melhor o carro mais fácil é irmos depressa sem nos darmos conta (felizmente eu conduzo sempre a controlar o velocímetro, mas exige disciplina).
Bom, à volta houve um rapaz que meteu conversa comigo no Metro por causa da bicicleta e pelos vistos viu o Sociedade Civil, pois disse que me estava a reconhecer de algum lado. Que giro. 🙂
Ai, soube tão bem pedalar um bocadinho ao fim do dia (cerca das 20h30)… 🙂 Quando saí de carro passei pelo K, um restaurante ou discoteca qualquer de luxo, logo a seguir ao parque onde deixei o carro, e ao olhar para lá vi um Carver estacionado à porta! 🙂 Ainda pensei em ir lá espreitar mas depois desisti da ideia. 😛 Vi muita gente de bicicleta à noite, e algumas estacionadas aqui e ali. É impressionante o aumento de gente a pedalar sem estar vestida de licra. 😉 The velorution is about to take over! 🙂
Na sessão de Q&A / debate foi com prazer que constatei que dos intervenientes uns 3 ou 4 usavam a bicicleta como meio de transporte, nomeadamente em Lisboa. Um era do Ministério do Ambiente, outro da CML, os outros não sei/não me lembro. Estava lá uma professora do Dep. de Ambiente da FCT-UNL (Helena qualquer coisa…), que me lembro de ver na ExpoFCT. Acho que eu devia ser a única (ou das poucas) pessoa lá que não era estudante ou profissional da área. Mas passei despercebida. 😛
Não gosto de ter que ir pra Lisboa. É barulhenta, obstruída, quente e árida. Não se plantam árvores e arrancam-se as que existiam. É suja (vejam as estações de Metro, as paredes e cantos na rua…). Sinto-me claustrofóbica, não há espaço. Os semáforos não privilegiam os peões, ficamos eternidades à espera que o sinal fique verde e depois mal temos tempo para atravessar a passadeira. E claro que ficamos mais outra eternidade no meio à espera que fique verde na estrada ao lado. É exasperante. Isto é em todo o lado, não é só em Lisboa.
Ai, parece que chegou o Verão. Está muito calor. Não me dou nada bem com calor. 🙁 Fico mole, as pernas e os pés incham-me imenso e ficam pesados. Andar na rua torna-se um inferno. É uma das grandes vantagens de andar com a Mobiky, alivia-me as pernas porque não ando com todo o meu peso sobre elas. Agora com o aquecimento global e tudo isso, emigrar parece cada vez mais uma ideia interessante. Vou prá Dinamarca ou algo assim. Em breve terão o clima de países mais a Sul e será perfeito. Países e gente evoluída AND great weather. Bike, bike, bike all year round, everywhere! Hooray! ;-P