A semana passada foi uma frustração. Se espremer o trabalho no lab fico com muito pouco para 5 dias de trabalho…
É difícil ser produtivo quando não temos material, não temos equipamento, a torneira do ar está aos soluços, a da água também, se precisarmos de uma tesoura temos que ir ao lab do lado, se precisarmos de uma barra magnética temos que ir a um lab no piso superior, no outro extremo do edifício. Gelo também só num outro lab na outra ponta… Solicitar uma reparação de um aparelho e tê-lo efectivamente reparado apenas meses depois. O chefe precisou que eu regressasse do interregno para estudar para os exames para se lembrar de enviar a Informação a pedir a abertura de um concurso para uma Bolsa de Investigação… Era só escrever um papel, não precisava de mim pra nada…
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Na 6ªf comecei a ter dores nas costas. No sábado pioraram imenso. Mas não eram as dores habituais (não associo à escoliose), pareciam ser simples tensão. Não passavam com o duche quente, nem mesmo com as massagens do Bruno (alivia na altura para voltar ao mesmo logo a seguir). Agora sei perfeitamente que eram puro stress. Uma semana improdutiva, trabalho meu pendente, e um casamento onde não conhecíamos ninguém no domingo. Situações “sociais” como casamentos põem-me sempre ansiosa. Não tive que gastar dinheiro num fato, usei um que já tinha servido para outro casamento. 😛 Foi só o dinheiro da prenda (glup!), e o de arranjar as unhas. Foi a primeira vez que arranjei as unhas, achei aquilo um bocado bárbaro… Isto de ser “pipi” dói e fica caro. 😛
Esta semana li numa revista qualquer que isto de ficar quase doente com tempo improdutivo é uma “doença” comum, e conhecida. Já me sinto um pouco melhor. lol
No sábado fomos dar uma voltinha para Cascais. No regresso a casa passámos por Sintra, a espreitar a casa Lapponia House em Janas. Já está mais avançada, já levou um produto qualquer na madeira, já tem a base do chão em todas as divisões, já tem uma das casas-de-banho montadas,… mas ainda não está pronta… 🙁
O casamento por acaso até não correu mal. Ficámos com um casal conhecido e até conversámos bem com os outros dois casais na nossa mesa. O sítio era bonito, a Quinta do Casal Novo, perto de Mafra. Gostei do jardim. Naquela zona há muitos geradores eólicos. A quinta tinha um gerador a combustível a funcionar, que quebrava um pouco o sossego. Devia ter uma mini-hélice para energia eólica também 😉
A cerimónia foi no Convento de Mafra. No fim ainda houve um padre a pedir uma esmola para “uns seminaristas que estão em dificuldades”… É preciso ter lata! Tirem uns cobres ao dinheiro para a nova catedral em Fátima, por exemplo…
Esta semana voltei ao meu trabalho (a outra foi para ajudar a V. e aprender algumas das coisas que ela faz no lab, para a substituir na licença de parto). Ontem foi um dia pouco produtivo porque as amostras demoram muito a descongelar e depois tive que as filtrar todas porque tinham turvação… 🙁 Às 17h de ontem apareceu-me uma investigadora da Unidade com tubinhos na mão para ir analisar umas amostras no espectrofotómetro, não estava a contar que eu tivesse lá assentado arraiais… Ficou então para as analisar hoje de manhã (” 1 ou 2 h”), e por isso fui mais tarde a contar com isso. Só pude começar às 14h… Depois às 18h outra interrupção, mas mais rápida, eram só 2 ou 3 amostras. No ITQB cada aparelho tinha uma agenda para reservar atempadamente a sua utilização e um formulário para apontar quem usou e quando. No INETI não. Assim nunca se sabe se teremos o equipamento disponível quando precisamos… É só mais um dos sintomas da desorganização vigente… É tudo um atraso de vida. E os bolseiros perdem o seu tempo a fazer de secretários e mensageiros em vez de estarem a… investigar! Não há material, não há pessoal técnico e administrativo, não há gestão eficiente! Aaaargh!
Antes do almoço andei a tratar de tarefas paralelas às análises, enquanto não podia ir ocupar o espectrofotómetro. A meio da tarde o “chefe” chamou-me. Foram 30 ou 45 min absolutamente inacreditáveis. Aquele homem não existe. Nunca vi tanta hipocrisia, cinismo, falta de sentido de autocrítica, manipulação e lata! Depois partilhei o episódio com as minhas colegas, ao lanche. Pelos vistos o paleio é sempre o mesmo, e as estratégias de chantagem e manipulação são repetidas… Fiquei mesmo a pensar para mim própria que devia dizer-lhe mesmo que realmente não queria bolsa nenhuma, e que só quero mesmo acabar o estágio. Estava ali a ouvir aquelas barbaridades todas e a pensar “mas onde é que eu me vou meter? foge enquanto podes!”.
Pelo que conheço da peça (e já vai quase em 1 ano), já tinha pensado na possibilidade dele me chantagear à pala do estágio e do relatório (que ele tem que corrigir e avaliar). Hoje as outras bolseiras avisaram-me disso mesmo. Pelos vistos este tipo de coisas é o seu modus operandi. Tenho que estar de sobreaviso… Era só o que me faltava mesmo. 🙁
Estou mesmo desiludida com isto tudo. Hoje soube de uma história em que o orientador de mestrado tinha os resultados comprados, “essas tintas não fazem mal”… Em Inglaterra.
Será que não há gente honesta neste mundo? Não há chefes competentes?
Cada vez mais me arrependo de ter vindo para este curso. Devia ter ido para algo que me propiciasse e facilitasse a criação de um negócio próprio qualquer. Para fazer “sacrifícios” prefiro fazê-los por e para mim própria. Aquele gajo!… “Sacrifícios”. E quando acabam os sacrifícios? Primeiro no curso, depois no estágio, a seguir nas bolsas… É suposto passar a vida como mártir? Ainda por cima para nada.
Só faço asneiras mesmo. Se fosse uma pessoa normal teria tentado ficar no primeiro lab onde “estagiei”, num grupo de Bioquímica do ITQB. Com aquele professor, ou com um outro de que também gostei desde que nos deram aulas de Bioquímica 2 na FCT (uma das minhas disciplinas preferidas, se não a preferida). Já os conhecia e gostava deles. Mas justamente por isso pensei ir para outro lado para não fazer as minhas asneiras de principiante (e não só) com eles. E assim me vou metendo em sarilhos. Sou mesmo uma totó.
Pressinto que a minha vida profissional vai andar a uns 180º da área onde perdi (de perder, mesmo, não só gastar) 7 longos e tortuosos anos da minha vida. Que desperdício de tempo, energia e neurónios. Sinto-me mesmo uma estúpida.
Não se faz nada naquele lab. E eu quero fazer algo da minha vida! Quero trabalhar em coisas que se vejam, que sirvam para alguma coisa, que venham a suprir alguma necessidade ou a melhorar as condições de pessoas ou actividades…
Há pouco fui com o Bruno deixar o meu carro na revisão. Costumo deixá-lo com o guarda nocturno. Desta vez ele não estava lá. Fui perder 1h para nada. Lá terei que voltar lá amanhã ainda não sei bem como…
Bolas! Até este post está mau.