Privacidade ao viajar de avião para os EUA

Parece que há situações na entrada de pessoas nos EUA em que os agentes de segurança exigem aceder ao seu computador portátil… Não consigo aceitar tal coisa, em nenhuma circunstância. Já me faz confusão a palhaçada dos sacos de plástico, de não poder levar um sumo selado pela entrada, mas poder comprar um do outro lado, ou de não poder levar uma garrafa de água cheia, mas poder enchê-la na casa de banho em seguida… mas isto de revistar o computador portátil sobe a um nível de abuso tão elevado que não sei como é possível que aconteça sem ser naquela situação de vulnerabilidade.

Já tinha vista a referência no Boing Boing e hoje no Geeks are Sexy o Mark voltou a referir esta questão.

O que define a forma como é feita o acesso ao computador? Que procuram? Não é perceptível que alguém que queira passar algum dado digital para o país o pode fazer doutras formas? E que mesmo no computador pode ir escondido? E se o computador tiver vários sistemas operativos? Parece que quando tomam estas decisões de complicar a vida às pessoas por abuso de poder através do papão do momento, o terrorismo, se esquecem de fazer um brainstorming nos dois sentidos para perceber a idiotice das medidas…

Entretanto vale a pena ir analisando formas de proteger a nossa privacidade:

Using autofs for GPG keys on a USB stick: Pode usar-se esta ideia para além de ter as chaves GPG na chave USB, ter um sistema de ficheiros cifrado com uma destas chaves GPG no computador. Para isso é necessária à partida a chave USB para ter acesso às chaves GPG, que por sua vez servem para aceder à partição no computador, um não funciona sem o outro e existem vários níveis antes de aceder aos ficheiros.

Não tarda começam também a ver as fotos e os vídeos das câmaras de fotografar e filmar, ou será que isso já acontece? 😛

O mito da “sociedade transparente”

O Bruce Schneier escreveu um artigo interessante sobre esta temática.
Nos dias de hoje em que o estado sabe cada vez mais sobre nós e cruza toda e mais alguma informação, devemos estar conscientes do crescente desequilibro da nossa relação com o estado. É notável que existam organismos e pessoas que tratam e acedem sem filtros a informação que não lhes devia dizer respeito, mas serão os processos de recolha e tratamento da nossa informação transparentes se quisermos conhecê-los?

[Via /.]

Linguagem de programação para data mining da AT&T

Acho que o nome é um typo, em vez de Hancock, é Hans’ Cock, e qualquer pessoa preocupada com a sua privacidade (agora e no futuro) deduz porquê… >:-[

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Deve ter sido isto que usaram no Bourne Ultimatum quando o jornalista estava a falar ao telefone… 😛

Mais uma ferramenta para combater o ataque à terra da imagiNAÇÃO

[Via /.]

Retenção de dados na Europa

Sobre esta questão importante, pode ser vista uma conferência com o título “Hacking Data Retention dada na 22ª edição da convenção anual do Chaos Computer Club na Alemanha. Como é explicado, tal legislação não foi implementada nos EUA, porém por cá parece que isso não é tão certo

Como Brenno de Winter mostra na referida conferência, a implementação disto será um absurdo completo. A privacidade é um direito! Não só querem legislar sobre algo que não devia ser possível, como o facto de reterem informação sobre as pessoas, logo violando a sua privacidade indo isto contra os seus direitos básicos, o que demonstra que não se trata de as proteger. Além disso, alegam querer uniformizar as leis e deixam a cargo de cada país certas definições da legislação, como o prazo de retenção, ou outras variáveis, que deitam por terra qualquer uniformização possível.

Como se não bastasse colocarem em causa um direito fundamental como o é a privacidade, é facilmente compreendido que os dados retidos não são suficientes para nada num panorama mais geral. Existe vária informação que não será retida (blogs, fóruns, etc) o que torna a retenção de alguma sem sentido, já que não garante nada.

O facto das correlações nos dados retidos, dada a sua quantidade, virem a ser feitas por algoritmos é bastante assustador (os algoritmos não costumam ter senso comum 😛 ) e pode levar a que haja inocentes acusados de crimes, intenções de os cometer, terrorismo (a questão da moda), sem razão. Se por um algoritmo desconhecido o sistema decide que não gosta de uma pessoa e isso torna-lhe a vida mais complicada (alguma indicação em como a pessoa não é confiável, por exemplo), sendo esta inocente, caminhamos para tempos complicados.

Por este motivo, aconselho a visualização de outra conferência também dada na 22C3 com o nome Covert Communication in a Dark Network sobre o futuro da Freenet, ou a sua versão 2.

Começa a chegar um tempo em que já não é apenas em países como a China que o estado filtra, analisa e persegue pessoas por causa dos seus blogs e das suas ideias, mas também numa Europa que se pretendia ser evoluída isso pode começar a acontecer…