Videos do 24C3

Já estão disponíveis os vídeos do 24º congresso do Chaos Computer Club. Este ano a publicação parece ter sido mais célere e os vídeos têm melhor qualidade. Há mkvs (ogg+h264), mpeg4 (aac+h264) e só som (mp3 e ogg).

Existe um feed rss (de m4vs) para quem quiser usar o miro, por exemplo, para sacar os vídeos. 🙂

Existem também torrents para quem preferir, podiam ter criado um feed para os torrents, já que o miro suporta sacar de torrent também.

🙂

Podjournalism – BicycleMark

Depois de ver várias conferências do 23º encontro da Chaos Computer Club, fiquei com um conjunto delas para ver quando tivesse oportunidade. Com todas, como não me dei ao trabalho de ver as sinopses de cada conferência, acabei por ter várias agradáveis surpresas.

Isto sucedeu porque pelo título, é na maior parte das vezes difícil de deduzir quer o assunto específico tratado (na sua totalidade), quer a destreza do conferencista com os slides e as palavras.
Segui desde o início os vídeos por uma ordem mais ou menos aleatória. Fui deduzindo o possível interesse que eu poderia ter em cada conferência pelo título (se indicava o tema), e depois pelos minutos iniciais do vídeo.
Passei algumas conferências à frente por não ver afinal particular interesse nelas, ou/e porque o conferencista não o criou com a sua retórica. Noutras situações, títulos que à partida não diziam nada de especial abriram caminho para conferências interessantes e oradores dotados. 🙂
No grupo final ficou uma conferência com o nome “Podjournalism“, que entretanto vi.

Comecei a ver a conferência para tentar perceber qual era ao certo a ideia base desta, e achei imensa piada ao saber o nome (ora bem o handle, o nome é Mark Rendeiro) do conferencista, BicycleMark, que referido por ele se prende ao gosto por bicicletas. Referiu então que era Português, o que até ao momento eu não diria, pois não tinha ainda notado algum sotaque, até porque inglês é a sua língua nativa. BicycleMark mora em Amesterdão (sortudo, anda de bike para todo o lado!), bloga, vloga, podcasta. Pode ser vista mais informação sobre o seu trabalho e sobre o rol de coisas que faz no seu blog.

Eu gostei da conferência, a ideia passou, pelo menos para mim. Notei que por ser aparentemente desconhecido da plateia(facto que ele próprio referiu) lhe possa ter causado algum nervosismo, bastante pareceu-me, mas quem não estaria a tremer por todos os lados a falar numa CCC?
No final notei que não terá ficado contente com a forma como terá corrido a conferência. A já pouca confiança que teria com a aparente pouca receptividade do público, terá caído totalmente por terra no final dado que a única intervenção possível no inexistente período para P&R foi negativa, quase como que pondo em causa todo o movimento que Mark vinha a referir até ao momento.
Mark teve uma abordagem alegre do tema que foi apresentar, o jornalismo na era da Web participativa. Baseando-se na ideia da mudança de paradigma do jornalismo com a explosão do acesso à Internet, a crescente largura de banda disponível, o nascimento dos podcasts/videocasts.
Infelizmente não me pareceu que a personalidade que apresentou em palco tenha sido bem recebida, muitas das piadas não sortiram efeito, não sei se pelo tema ter para o público um peso mais sério que não encaixava naquela abordagem (facto referido pelo único interveniente final), se por alguma questão cultural em que as piadas não fizessem sentido.

Revi na apresentação muitas das ideias pessoais que tinha sobre os media actuais, quer sobre o facto de já não existir jornalismo de investigação (ou muito pouco), como sobre a notória pobreza das notícias, quer sobre o facto de os jornais, revistas, estações de TV serem todos de poucas empresas, o sponsoring que contamina a independência da informação, etc. Acho que isto é um panorama que encaixa perfeitamente no nosso país.
Falou de casos em que o trabalho de reportagem feito por leigos em jornalismo, “meros” bloggers, podcasters (como retratados pelos media para reduzir o seu trabalho, face ao trabalho de jornalistas formados), levou até à mudança de leis.

Não conhecia o trabalho do Mark, e pelo que pude ler do seu blog, ele tem feito uma cobertura extensa sobre o várias questões do panorama americano (actualmente sobre as zonas afectados pela inacção dos organismos governamentais face ao Katrina), o que poderá não interessar a toda a gente, mas que mostra de uma forma inequívoca como se pode fazer jornalismo sem se ser jornalista, por muito que isso doa a muita gente. Afinal de contas por cá basta ver por exemplo um telejornal, cópia quase directa nos 3 canais principais (mudar de canal a meio de um dos telejornais resulta em vários momentos de dejavu), nada que eles tenham investigado, notícias pouco independentes, com falhas de informação, pouco isentas, sei lá. Se isso é jornalismo, então o blogging/podcasting com opinião (que é a questão levantada quando alguém fala em jornalismo dos bloggers) também tem disso. Mas tem mais coisas além disso, que o jornalismo clássico perdeu ou está a perder, como a qualidade da informação, a investigação no terreno, e até mesmo isenção (mais uma vez a questão para não equiparar certo blogging a jornalismo) porque mesmo que se forneça informação de forma isenta, tem-se sempre uma opinião, que pode ou não influenciar a informação.

Cabe ao leitor/ouvinte/espectador saber filtrar, escolher a informação e tirar as suas conclusões, porque a escolha é grande e os pontos de vista são diversos. O jornalismo “normal” não, existem vários canais (TV, jornais, revistas) todos com o mesmo conteúdo (tratado com mais ou menos sensacionalismo) que apresentam um ponto de vista, supostamente isento.

Bom trabalho, BicycleMark! 😀

Retenção de dados na Europa

Sobre esta questão importante, pode ser vista uma conferência com o título “Hacking Data Retention dada na 22ª edição da convenção anual do Chaos Computer Club na Alemanha. Como é explicado, tal legislação não foi implementada nos EUA, porém por cá parece que isso não é tão certo

Como Brenno de Winter mostra na referida conferência, a implementação disto será um absurdo completo. A privacidade é um direito! Não só querem legislar sobre algo que não devia ser possível, como o facto de reterem informação sobre as pessoas, logo violando a sua privacidade indo isto contra os seus direitos básicos, o que demonstra que não se trata de as proteger. Além disso, alegam querer uniformizar as leis e deixam a cargo de cada país certas definições da legislação, como o prazo de retenção, ou outras variáveis, que deitam por terra qualquer uniformização possível.

Como se não bastasse colocarem em causa um direito fundamental como o é a privacidade, é facilmente compreendido que os dados retidos não são suficientes para nada num panorama mais geral. Existe vária informação que não será retida (blogs, fóruns, etc) o que torna a retenção de alguma sem sentido, já que não garante nada.

O facto das correlações nos dados retidos, dada a sua quantidade, virem a ser feitas por algoritmos é bastante assustador (os algoritmos não costumam ter senso comum 😛 ) e pode levar a que haja inocentes acusados de crimes, intenções de os cometer, terrorismo (a questão da moda), sem razão. Se por um algoritmo desconhecido o sistema decide que não gosta de uma pessoa e isso torna-lhe a vida mais complicada (alguma indicação em como a pessoa não é confiável, por exemplo), sendo esta inocente, caminhamos para tempos complicados.

Por este motivo, aconselho a visualização de outra conferência também dada na 22C3 com o nome Covert Communication in a Dark Network sobre o futuro da Freenet, ou a sua versão 2.

Começa a chegar um tempo em que já não é apenas em países como a China que o estado filtra, analisa e persegue pessoas por causa dos seus blogs e das suas ideias, mas também numa Europa que se pretendia ser evoluída isso pode começar a acontecer…

Conferências CCC

Tenho visto algumas conferências de 2005 e 2006, e gostava de referir as que mais me interessaram até agora. É notório nestes vídeos a necessidade de ter bons acetatos… 🙂

2005:

  • Peer to Peer under the hood (fala de algoritmos alternativos para comunicação P2P sem utilização de servidores centralizados).
  • Hacking Health (relativo à informatização dos sistemas de saúde e implicações para os cidadãos).
  • Old Skewl Hacking (abordagem actualizada de uma tecnologia antiga, os Infra Vermelhos).

2006:

  • Stealth Malware (a emergente necessidade de verificar se uma máquina está limpa, de forma comprovada).
  • Hacker spaces (locais de encontro para tecnólogos de todos os quadrantes, em vários locais da Europa).
  • Body hacking (uma abordagem às modificações do corpo e o contexto destas no âmbito de uma sociedade mais tecnológica, colocou de parte para já a minha intenção de experimentar o íman no dedo, dado não ser ainda algo muito seguro…).
  • Router and infrastructure hacking (uma abordagem interessante à análise de segurança em locais onde por vezes é pouco cuidada).
  • Revenge of the female nerds (abordagem de alguns mitos relativos à apetência das mulheres para a tecnologia, muito interessante).
  • Black ops 2006 (aplicação de técnicas de visualização gráfica a binários, muito interessante).

Informação sumária sobre todas as conferências de 2006.

🙂

23º Chaos Communication Congress

Decorreu no fim de 2006 o 23º congresso europeu de hackers organizado pelo Chaos Computer Club.
chaosknoten.png
Talvez um dia possa atender a este evento, mas como isso para já é impossível, resta-me ver os vídeos extremamente interessantes das conferências. 🙂 Estão disponíveis os links para os vídeos das conferências de 2005 aqui, e por alguns mirrors já é possível encontrar vídeos de 2006. 😉