O contraste em Oeiras publicado pela imprensa local

Não é novidade para ninguém que os transportes públicos em Oeiras, fruto de serem geridos por entidades privadas que não prestam contas a ninguém, são sofríveis e estão a degradar-se.
Como as pessoas enchem a paciência com a frustração de cada dia no seu commuting, esta mais cedo ou mais tarde acaba por transbordar. A maioria desabafará em alta voz no autocarro ou no comboio, outros o farão com a família, outros consigo próprio. Gostei de ver que cerca de 100 destas pessoas não estiveram com meias medidas e fizeram aquilo que é necessário, ou seja, manifestarem-se junto da Vimeca (já que a CMO ou não faz nada, ou não tem mão nem dizer nas políticas desta empresa…):

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Quanto a mim, no dia em que a Vimeca se recusasse a melhorar as condições das carreiras ou a criar novas ligações, era no dia em que abria um concurso público para outro operador preencher as lacunas. Se não há controlo autárquico destes problemas e é a lei do mercado que define as políticas então se calhar o problema mais uma vez é o monopólio da Vimeca…

Noutra notícia caricata, fala-se de uma rua em Carnaxide a necessitar de requalificação. Ora um dos problemas apontados pelos residentes é a falta de espaço para estacionar. Quem conhece minimamente aquela zona sabe a selvajaria que é o estacionamento (demonstrado até na fotografia ilustrativa), a minha dúvida ficou em saber onde é que vão arranjar mais espaço. Cá para mim aqueles “espaços verdes” da foto (e outros na zona) estão mal aproveitados (alguns não, já têm carros). O melhor será cilindrar tudo, alcatroar e puff mais espaço de estacionamento. Os putos já nem podem vir para a rua jogar à bola que correm o risco de ser atropelados (por isso é que os pais entopem os portões das escolas a deixar as crianças), e o espaço para brincar está todo ocupado por carros. Ora o que vale é que a natalidade também é baixa, senão todas as famílias com 7 ou 8 elementos, cada um com o seu carro, vinham exigir o espaço de estacionamento a que supostamente têm direito, e ai o problema ainda seria maior. A ideia de que o espaço público (ou seja, de todos, ao contrário de quem acha que é de ninguém) dá direito a ser ocupado por propriedade privada, sem que se pague o seu real valor, dá aso a que se ache que se tem o direito de roubar este espaço ao resto das pessoas, enfim:

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Tram (“Eléctrico”) com bateria de lítio de carga rápida

tram-rtri.jpgO Instituto Técnico de Investigação sobre os Caminhos de Ferro (RTRI) de Tokyo, responsável por estudos e consultadoria nesta área desde 1987, desenvolveu um sistema de baterias para os Tram à base de lítio com capacidade para propulsionar o veículo a 45km/h, durante 15 minutos. Por si só estes números não são nada de especial, mas se se considerar que o sistema permite que as baterias carreguem em cerca de 60 segundos, que o sistema de regeneração de energia nas travagens pode fornecer cerca de 70% dessa energia em electricidade e ainda que o veículo com esse sistema é 10% mais eficiente que os Tram em utilização, temos algo bastante interessante. 🙂

Um sistema destes permite também reduzir custos de implementação nas linhas, já que estas deixam de necessitar de linhas contínuas de abastecimento de energia, sendo talvez suficiente que este reabastecimento seja feito nas paragens, partindo do pressuposto que as baterias não sofrem de efeitos significativos de memória, algo que é alvo da investigação do RTRI, sendo um dos seus projectos de investigação um sistema de armazenamento de energia com baixo efeito de memória à base de condensadores e baterias.

electrico_ic19.jpgEste seria sem dúvida um sistema perfeito para a linha de “eléctrico” Sintra-Portela a ser implementada no IC19-2ªCircular (aproveitando o alargamento do IC19) num universo paralelo em que há coragem política para mudar o paradigma de transportes de Lisboa. 😛

Este desenvolvimento faz parte do contínuo estudo do instituto para aumentar a eficiência e segurança deste tipo de transporte, bem como procurar soluções de energia alternativa, tendo também desenvolvido estudos no âmbito da utilização de pilhas de combustível à base de hidrogénio.

Curiosamente não encontro referencia a este desenvolvimento no âmbito da carga rápida de baterias nos resumos dos artigos publicados pelo RTRI, além de um artigo de 2004 sobre a adequação das baterias de lítio para armazenamento de energia em veículos deste género (PDF EN e JP).

Os locais onde encontrei esta referência à rapidez de carga das baterias não apresentam ligações para informação oficial.

[Via /.]

A pressão motorizada numa China com um mercado automóvel em expansão

Ou como uma senhora fez frente a dois automóveis quando estes tentaram usar uma banda ciclável, ou até como a China avança contra o ideal de mobilidade…

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Se por cá a luta por um conceito de mobilidade integrada, social, funcional, multimodal, é frustrante e desmotiva qualquer um que pense nisso por um momento, avaliando o contexto actual, imagine-se um país com a dimensão da China, em que o mercado automóvel avança a passos largos e este retira rapidamente espaço público às bicicletas…

Usar o carro menos

Ai como eu estou tão certo de comprar o passe para o mês que vem, reduzindo ao mínimo a utilização do carro. Hoje em pouco mais de 15 min vi umas 6 pessoas a andar na berma ou nas raias por se terem distraído, ou enganado. Vi vários carros com os autocolantes de “Puto a Bordo”, mas onde este apenas serve para os outros condutores terem cuidado, porque os carros com o distintivo conduzem em excesso de velocidade e/ou com pouco cuidado. É comum ver pessoas a conduzir como se não existisse ninguém na estrada, sem prever as suas manobras (entradas e saídas sem ter em conta as faixas de aceleração e os outros carros), sem as sinalizar, sei lá… 😛

O ideal seria poder adquirir uma bicicleta para usar com os transportes, mas isso ainda não será para já por falta de fundos e a que tenho agora não dá jeito. :-/

É curioso como Lisboa e as vilas/cidades satélite, estão tão perto e no fundo sinto como se vivesse na aldeia, por ser tão difícil chegar ao centro de Lisboa. Os transportes são poucos, muita gente não os usa e prefere o carro (temos mais carros por número de habitantes que países mais desenvolvidos que nós, mas no meu isso é um sinal de subdesenvolvimento, porque mostra que não há políticas de mobilidade, só remendos estéticos), o que faz com que não se criem mais transportes. O alargamento da IC19 foi um erro enorme. Deviam ter alargado e feito uma linha de eléctrico nas novas faixas até ao Aeroporto de Lisboa. Isto associado à introdução de eléctricos nas concelhos periféricos (Oeiras (o SATUO não conta, não é uma solução sustentável ao aumentar a extensão), Amadora, etc), usando as estradas existentes, seria uma solução interessante no combate aos problemas de mobilidade actuais. Oh well. 🙂