Que a evolução dos computadores reduziu o tamanho dos computadores pessoais numa grande escala está à frente dos nossos olhos (ou ao lado, ou debaixo da secretária, sei lá), porém os míticos super computadores ficam sempre aquém da vista da maior parte das pessoas, e muitas são as estórias de grandes centros de computação e dados e consumos de energia dignos de vilas e cidades inteiras.
No entanto, esta evolução da redução de escala dos processos de fabrico de semi-condutores tornou acessível a criação de super computadores baseados em vários computadores ditos de secretária. O aparecimento do Linux e a sua flexibilidade para este tipo de utilização fez nascer uma nova era de centros de dados com milhares de máquinas a trabalhar em conjunto no lugar de um computador único com milhares de processadores (por si só um desafio aos arquitectos de sistemas). A falha de uma destas máquinas não implica a falha do conjunto, não implica que o sistema operativo seja altamente tolerante a estas falhas, relegando para os protocolos de rede e para as aplicações esta tolerância a falhas (que não serão menor desafio, mas que não implicam a afectação de todas as aplicações a correr numa máquina central, com uma falha ao nível do sistema operativo).
Para quem acompanha estas temáticas (software livre, Linux, computação cientifica e derivados) não é rara a notícia do aparecimento deste tipo de centros de computação, a vários níveis, cientifico para cálculos e simulações ou empresarial para armazenar e servir conteúdos. Não é por acaso que uma das piadas mais frequentes na comunidade de utilizadores de Linux é se determinado gadget que usa o Linux como sistema operativo dá para fazer um cluster (ou seja juntar vários destes aparelhos para obter mais poder computacional)! 😀
Neste âmbito surgiu um projecto a utilizar vários computadores com Linux, trabalhando como um super computador, o que por si só não é novo, mas que usam energia humana para se alimentar. E não me refiro a um sistema de liquidificação dos mortos para combustível 😛 mas à utilização de bicicletas com geradores eléctricos (8 a 10 pedaleiros, 260W por bicicleta)! O sistema foi usado para fazer cálculos genómicos para o Departamento de Agricultura dos EUA.
Não é um projecto que a SiCortex queira implementar de uma forma directa (eu acho que não era mal pensado, seria bom para manter os cientistas em forma 😉 ), mas serviu para tentar chamar à atenção e sensibilizar para a necessidade de aumentar a eficiência energética dos sistemas computacionais, para que produzam menos calor e para que consumam menos energia, quer por si só, quer por menores necessidades de arrefecimento por ar condicionado.
Este sistema esteve em demonstração no centro de congressos de Los Angeles em Setembro, durante a Wired Magazine NextFest, alimentado pela pedalagem da equipa Jax Racing, patrocinados pela Trek. 🙂