O ensino escolar sequencial não funciona. Se funcionasse, a distribuição das notas seria muito mais positiva que negativa. Os alunos não estudam? Verdade. Não vão às aulas? Certo. Mas ai coloca-se a pergunta, porquê? Diria que não chega apontar o dedo aos alunos e cruzar os braços (com o dedinho esticado a sair de trás do braço, claro), se há problemas, então o sítio certo é a faculdade para os resolver! É (deveria ser) um núcleo de desenvolvimento a todos os níveis, e no entanto parece que se olha para o problema do insucesso e desinteresse com um certo desdém, um certo “eu fiz o curso, tu também devias fazer”, da camada docente, esquecendo talvez a radical mudança de paradigma social e pessoal que afecta a população jovem.
Os dias de hoje não são os dias de há 20 anos atrás. Nunca assim foi, certamente. A Internet é sem dúvida um agente de mudança sem comparativo. Se uma rádio ou uma televisão abriram horizontes a todo o mundo e a algum conhecimento, a Internet colocou o mundo dentro de casa e a quantidade de conhecimento é extraordinariamente superior! E isto provoca o quê? Information overload, como é óbvio!
É muito difícil saber para onde se virar, que fazer, que ler, que aprender. Os diversos interesses pessoais dão às pessoas pontos de partida, e isso permite ganhar fantásticas capacidades de pesquisa e análise de informação. Saber como pesquisar, o que pesquisar, como ler a informação e conjugá-la entre si. E isto leva-me para o cerne deste post, a aprendizagem sequencial morreu. A aprendizagem é aleatória. É necessário uma mudança de paradigma no ensino para acompanhar estas mudanças. Os jovens não são menos interessados, simplesmente não sabem como se interessar, e como usar as capacidades que referi para seu benefício pessoal e no contexto escolar para aprender. O papel docente deixa cada vez mais de ser exclusivo, o acesso a comunidades de especialistas, informação especializada, torna o docente redundante. Se ele não faz mais que debitar matéria, para nada serve.
E isto deveria ser uma conclusão a que já se devia ter chegado, cada ano lectivo em que não se aposta numa verdadeira mudança nos métodos de ensino é um ano lectivo de desperdício de muitos neurónios. Uma camada de gente pronta para aprender, disposta a isso (embora muitos não se considerem, ou sejam considerados nestas condições, desinteressados) e deita-se isso pela janela…
O docente é uma peça fundamental do ensino, é a ligação da ignorância ao conhecimento, mas já não pode funcionar como funciona agora. É como uma drive de disquetes na era dos DVD, obsoleto. É necessário actualizar os docentes!
Pode ser que até sejam drives de CD que lá vão com uma actualização do firmware, ou então nem isso, mas esses casos perdidos podem sempre dedicar-se à investigação, ou mudar de profissão. 
O docente tem que ser um tutor, um guia, que ajuda a definir a matéria importante e necessária, que ajuda os alunos no caminho da informação relevante, que preenche as lacunas de informação que dificultam a ligação de matérias, que impede os alunos de se perderem no mar da informação, qual farol em noite escura! 