Para quem gosta de estilos de música em que os graves reinam, uns auscultadores com boa reprodução costumam ser difíceis de encontrar. Normalmente porque os drivers são compreensivelmente pequenos (o tempo da boombox no ombro não se avizinha novamente) e têm pouca ou quase nenhuma deslocação.
Têm havido alertas dos entendidos (e com razão, deve trabalhar-se em todos os sentidos) que se queixam de que a música actual está cada vez mais comprimida nas frequências baixas e tem pouca profundidade sonora, o que para quem gosta de sentir literalmente a música (no que os graves acentuados ajudam) é bom, mas talvez seja uma tendência da moda, e como sempre daqui a uns anos voltaremos quiçá a ter novamente orquestras sinfónicas a acompanhar as bandas do momento, com obras sonoramente complexas. Isto se ainda existir uma indústria musical nessa altura com os moldes actuais, pelo que o panorama poderá ser mais ecléctico e essa questão será secundária, cada um ouve o que quer e quem faz música tem mais liberdade no conteúdo e forma das músicas de produz.
Acho que também é importante não destruir os tímpanos. Ouvir música com auscultadores com volume suficiente para sentir os graves a trepidar as orelhas ou a cabeça, dará mais cedo ou mais tarde em perda de audição, pelo menos até haver órgãos auditivos de substituição, orgânicos (organ cloning is coming) ou electrónicos.
Os meus AKG herdados e com mais de 15 anos já padeciam de falta de parafusos, excesso de fita isoladora, falta de amortecimento nas orelhas e pensei em arranjar algo para os substituir. Pretendo migrar os drivers destes AKG (o modelo clássico de monitorização em estúdio) para outro sítio, porque a qualidade do som é boa, só o invólucro já não dá serve, será projecto para outra altura.
Arrisquei experimentar um modelo que não tem nada a ver com a qualidade dos AKG, nem de outros de marcas conceituadas nesta área, na gama de preços dos AKG que queria substituir. Arrisquei porque fiquei intrigado com a premissa que este modelo apresentava: sistema de vibração com um filtro passa baixo. O modelo em causa é o Skullcrusher da Skullcandy. Se calhar havia (e haverá de certeza) opções mais… sensatas pelo mesmo preço, mas o facto de a transmissão dos graves à volta dos 100Hz ser mecânica, sem produção de som, promete poupar os tímpanos à pressão sonora, recebida neste caso pelo osso do crânio. Tinha que experimentar. 🙂
Se a qualidade é sequer próxima dos AKG? Nop. Como já sabia (de ter lido opiniões de outras pessoas), falham na reprodução de frequências médias-altas, ou seja, o som podia ser um pouco mais límpido, problema que se pode minimizar com alguma equalização (são para usar ao computador, com a implementação do pulseaudio, em breve teremos equalização em todas as aplicações, penso eu).
No que toca à experiência de audição de músicas com graves acentuados e bem definidos (que é para isso que eles foram desenhados), eles fazem o que é suposto fazerem. Quem gosta de sentir a vibração da batida e tira algum gozo de certas frequências geradas pelos amados sintetizadores (arrepios na espinha e coisas que tal), e não tem propriamente a possibilidade de ter um sistema de som “a sério” no escritório, ou não pode usá-lo enquanto trabalha ou estuda, estes auscultadores poderão ser talvez o mais próximo da experiência. Quem procure fidelidade do som, já deve saber o que quer (alguma coisa das marcas que produzem auscultadores para esse fim) e isto não é de certeza uma opção, senão talvez como uma alternativa de brincadeira, para apreciar a qualidade sonora do outro par, com o bonus de uma massagem às orelhas e zonas envolventes.
A qualidade dos plásticos podia ser melhor, acho que poderão ser resistente (ainda não os usei tempo suficiente, mas tenho a certeza que não duram 15 anos), mas têm um aspecto e toque de brinquedo, e almofadas de suporte (no topo da cabeça por exemplo) em falta. Dobram-se para guardar num saco quando não estão a ser usados. As copas cobrem a orelha (pelo menos a minha), e até ao momento sinto-os confortáveis (apesar de faltar algum acolchoamento), espero que o sejam durante períodos de tempo de algumas horas (a copa é fechada, por isso podem servir como atenuadores de ruído se não estivermos a ouvir música). 🙂
O sistema de filtragem passa baixo activo usa uma pilha AA, pode ser desactivado e tem regulação da quantidade de vibração (que pode ser afinada com equalização na fonte). Infelizmente não tem aviso (um LED, por exemplo) de necessidade de carregar a pilha (a que vem não é recarregável, mas trocá-la por uma que seja é obrigatório :P), mas quando deixar de tremer logo se percebe. 🙂
Infelizmente estes auscultadores não têm fama suficiente para que alguém se dê ao trabalho de os desmontar para analisar como funcionam ao certo… quando eu tiver tempo, talvez… esta curiosidade… 😛
A marca que aponta a uma demografia jovem também parece dar pouca relevância às especificações técnicas dos produtos, o que é pena.
Para quem joga também poderá dar alguma graça acrescida à explosão daquela ‘nade que acabamos de receber aos pés, com os cumprimentos do jogador adversário. 😛