Tenho procurado expandir o meu conhecimento à volta da criação de conteúdo audiovisual, nomeadamente aplicado à produção de conteúdo documental.
O ano passado tive a sorte de descobrir por acaso um cartaz a publicitar o núcleo de cinema documental KINO-DOC. Dada a existência de um curso de iniciação a esta temática mesmo para quem não vem do meio, decidir inscrever-me.
Desde então, para complementar a vasta informação que o formador Jorge Carvalho nos disponibiliza nas aulas, comecei a passar bastante tempo a ver no Youtube conteúdo relacionado com a parte técnica da criação de vídeos. Afinal de contas é a mais fácil de criar, pois basta ter esse equipamento, e mais concreta que outros conceitos artísticos que demoram muito mais tempo a adquirir e que podem estar associados a gostos pessoais e experiência de vida
Rapidamente percebemos que a muitos dos criadores deste conteúdo parece passar mais tempo preocupado com o equipamento que tem (ou não), do que a usá-lo. E facilmente somos arrastados para essa maneira de pensar: “ah! se eu tivesse a <inserir modelo de câmara igual à nossa mas na versão deste ano>… Isso é que ia fazer com que os meus vídeos fossem espetaculares!”. Basta ver a quantidade de vezes que, por exemplo, surgem vídeos sobre a nova câmara que está a usar, com direito a mostrar o desembrulhar da caixa, mesmo depois de termos visto algo semelhante há algumas semanas ou meses atrás no mesmo canal… Ah mas era a MK2, e esta é a MK3, espera, mas olha que saiu a MK4 há 2 dias, raios!
Ou seja, ao fim de pouco tempo somos assimilados pelo Síndrome de Aquisição de Equipamento (ou Gear Acquisition Syndrome – GAS) estará ligado diretamente ao nosso ciclo de libertação de dopamina, e se associado a outros hábitos torna-se difícil de debelar.
Temos que perceber afinal o que queremos fazer com o conhecimento que estamos a consumir, senão serve para pouco mais que entretenimento, e talvez para alguma epifania futura noutro processo criativo, o que por si só não terá que ser algo negativo.
No meu caso comecei por tentar perceber qual seria o equipamento mínimo que necessitaria para começar a fazer alguma coisa. Que características teria que ter, que funcionalidades não poderia prescindir, para não ficar logo à partida muito limitado, mas com a consciência que a limitação pode facilitar a criatividade, e reduzir a entropia do excesso ou complexidade das escolhas no momento criativo. Quando sabemos o que queremos fazer ao pormenor, as limitações dificultam lá chegar, mas quando estamos a aprender e a descobrir o caminho, poderão ajudar a não nos perdermos dada a multiplicidade de escolhas.
A partir do momento que decidi onde começar, continuar a martelar na mesma tecla relativa a esse tipo de equipamento, para mim, não faz sentido. Tento evitar continuar a exploração, ou volto ao ciclo do GAS, o equipamento do ano passado era o melhor de sempre nessa altura, e este ano parece que já não presta, e agora o deste ano é que é o melhor de sempre. Isto será verdade, mas já estamos numa fase de melhorias em grande parte incrementais, e que poderão fazer sentido para quem faz um uso extenso e profissional do equipamento. Ver a quantidade de equipamento com 1 ou 2 anos desde o lançamento, à venda em 2ª mão com “pouco uso”, “por motivos de upgrade“, percebemos que este problema assola muita gente, mas isso também é bom para quem procura algo recente por um preço mais acessível.
Haverá mais gente a querer aprender sobre estas temáticas, pelo que gostaria de ir partilhando o meu ainda (e nos dias de hoje com a sensação permanente que para sempre) incipiente conhecimento. Abordarei em vários artigos a minha experiência ao longo destes anos, o que comecei a fazer, como fui juntando e escolhendo o meu equipamento, exercícios, pequenos projetos, e tudo o resto que faça sentido referir.
No próximo artigo começarei por listar a lista de canais de Youtube e Podcasts que sigo.
Até já! 🙂