Mixing barato em Linux – 3

Claro que uma solução ainda melhor, e explicada de forma satisfatória neste artigo no Viva Linux, é conjugar o XMMS com o dbmix.

Ganha-se um interface simples e eficaz com controlo de volume, pitch, suporte de sampling e N canais distintos e também controlo de playlists unificado. Está em banho maria desde 2002, mas funciona. Portar isto para gtk2 e rejuvenescer o interface não era mal pensado… 🙂

Também tem suporte para cueing numa placa de som independente.

No meu setup não funciona bem ao nível do hardware. Mas calculo que seja uma conjugação de factores, ter uma placa no bus USB, mau suporte da placa onboard e da USB, problemas de latência, etc.

Será que a libertação da versão em condições do OSS vai mudar o panorama actual?

Mixing barato em Linux – 2

Melhor que usar o XMMS para este fim, talvez seja usar o Audacious. Baseado no XMMS tem um feeling mais actualizado e parece-me que o desenvolvimento continua. As notícias no site do XMMS parecem ser actualmente anúncios cheios de sarcasmo quando uma distribuição qualquer deixa de ter o XMMS nos repositórios… 😛

Podemos usar o truque que usei para o XMMS de redefinir a variável de ambiente $HOME para ter configurações independentes para cada player, mas no Audacious não é assim tão simples, porque algumas coisas ficam na directoria principal de configuração, como as presets de equalização, mas isso não é algo negativo, já que basta definirmos as que pretendemos usar e ficam disponíveis nos dois players e no player principal.

Além disso não existe opção de várias instâncias nas configurações do Audacious, mas podemos editar o ficheiro de configuração para obter essa funcionalidade.

As minhas configurações estão disponíveis aqui.

O mais certo é ser necessário reconfigurar a posição de cada janela, etc, depois de correr o script de arranque das duas instâncias.
Da próxima vez que o script for lançado estará tudo como ficou, inclusive as posições das janelas.

Quanto a equalização as principais presets serão o corte das frequências agudas, graves e médias (vozes e idênticos). Eu estou a usar este ficheiro que pode ser copiado para $HOME/.audacious/eq.preset.

Mixing barato em Linux – 1

Este será o primeiro do acompanhar de uma ideia que andava há vários meses para experimentar, usar placas de som baratas USB para misturar música.

usb_audio.pngComecei por adquirir um par de placas USB baratas. Em Linux funcionam na perfeição, são do mais simples possível, uma saída e uma entrada. Tive alguns problemas de latência se usar ambas num hub USB, mas este hub não tem alimentação, nem tenho a certeza que suporte a versão 2.0 do protocolo USB, mas poderá ser que o tráfego no barramento USB seja demasiado para duas placas em simultâneo. 🙂

Tenho para aqui uma mesa de mistura com a minha idade, mas que já tem crossfader, dado que a equalização será feita por software também é desprezável o facto de não haver equalização por canal na mesa.

Para já testei ambas as placas a funcionar com o xmms e corre tudo sem problemas, dado que as ligue a portas USB independentes sem passar pelo hub. A minha ideia era usar o mixxx, mas ainda não suporta várias placas de som… por isso vou para já fazer uns testes com o mais que testado xmms.:)

Para poder ter duas instâncias de xmms sem partilha de definições, configurei o xmms como queria (activei o suporte para múltiplas instâncias):

screenshot-preferences.png

Depois criei uma pasta onde vou guardar as definições de cada instância, chamei-lhe xmms. O xmms recorre apenas à variável $HOME para saber onde está o directório onde guardará as suas definições, daí podermos mudá-lo a nosso favor.

Criei o seguinte script bastante simples para gerir o arranque das duas instâncias e no meu caso chamei-lhe launch_xmms:

#! /bin/bash
# Player 1
export HOME=$PWD/player1
xmms&

# Player 2
export HOME=$PWD/player2
xmms&

Dei-lhe permissões de execução com

chmod +x launch_xmms

Depois criei dois directórios, player1 e player2, para onde copiei a configuração original do xmms:

cp -r $HOME/.xmms player1 && cp -r $HOME/.xmms player2

Agora posso correr o script de arranque e tenho duas instâncias do xmms com definições independentes entre si e do xmms normal:

./launch_xmms

Agora em cada instância defino a placa de saída, hw:1,0 e hw:2,0:

screenshot-alsa-driver-configuration.png

Agora falta apenas ligar as placas à mesa e testar. Com o suporte de filtros LADSPA do xmms posso usar os filtros disponíveis para esta framework no xmms, inclusive controlo de pitch, além de haver um plugin também para esse fim.

Nos próximos posts pretendo documentar melhor todo o processo com mais imagens e fotografias e talvez alguns samples do resultado.

Aspecto exemplificativo:

screenshot.png

Reactable

:-D~~~~~

Simplesmente fantástico!

linz06.jpg

Reactable é um instrumento multi-utilizador electro-acústico com um interface num topo de mesa, em desenvolvimento por uma equipa denominada “Interactive Sonic Team” a trabalhar no Grupo Música e Tecnologia que faz parte do Instituto Audiovisual da Universidade Pompeu Fabra em Barcelona.

Ainda não é, nem existe certeza que venha a ser um produto comercial, embora este grupo construa mesas destas por encomenda para utilizações específicas (se tivesse m€ios já tinha encomendado uma lol 😛 ). A melhor maneira de descrever em que consiste é encaminhar para os vídeos, mas basicamente o sistema é composto de uma câmara e um projector no interior da mesa acoplado a software que analisa a interacção do utilizador com a mesa e reflecte os resultados na imagem projectada e no funcionamento dos sintetizadores, filtros, sequenciadores, etc.

É fundamental ver os vídeos de demonstração para perceber o nível da ideia.

Muito fixe! 😀

[Via Make:]

Usando o controlo remoto da Wii para fazer música

É o objectivo do software Wii Loop Machine, desenvolvido por Yann Seznec.

Usando os sensores de movimento do controlo remoto da Wii, é possível controlar as várias variáveis associadas à música. A velocidade dos loops, adicionar filtros de frequência e variar as frequências que filtram, adicionar eco, activar e desactivar loops, etc.

Infelizmente apenas está disponível para Mac OS X, porém o autor mostra interesse em ter o código portado para outras plataformas.

Vejam o vídeo de demonstração.

Música livre na Web?

Acho piada quando certos “jornalistas” perguntam a artistas presos a editoras se são contra ou a favor da música livre (normalmente focam só o factor económico e perguntam por gratuita) na Web (ou Internet considerando as redes P2P). Haverá artistas que são a favor, outros contra. Dos que são contra alguns vão tão longe e de forma incoerente assumindo “aproveitar” para aceder a esta música livre também, apesar de serem contra, presumindo-se que referem música protegida sob licenças anti-partilha.

Não existe um debate sério das questões da liberdade da cultura, da diferença entre os conteúdos gratuitos ou livres. Existem comunidades como o Jamendo onde os artistas colocam a sua música com acesso livre e gratuito, com formatos de ficheiros livres (OGG) e o sistema permite doar dinheiro aos artistas, indo este para eles, não as percentagens ínfimas que os artistas recebem das editoras. Este projecto contém já mais de 2000 álbuns. Se o modelo de negócio das editoras está completamente obsoleto, se existem alternativas à promoção e propagação da música, porque é que não há mais artistas das editoras a mudar para estes sistemas?

O sucesso é bastante subjectivo, e normalmente é criado pelas editoras. Quando uma banda tem sucesso, é provável que não se deva à sua capacidade técnica ou criatividade, mas ao bombardeamento que é feito através das playlists da rádio (a música passa no mínimo uma vez por dia, em cada rádio), aos anúncios, etc. Isto explica perfeitamente as bandas com um só sucesso. Muito dinheiro é investido para criar o sucesso dos artistas, logo seria burro da parte deles serem contra isso, mas quando estes são pressionados a criarem música comercial, a serem comerciais só para vender, onde é que ficou a sua integridade artística? O que é o artista e o que é um stunt comercial? Alguém que interpreta exclusivamente música feita por outros, não toca instrumentos e nem canta nos concertos é um artista?

Quando alguém na Web tem imenso sucesso, vem uma editora à espera de ganhar rios de dinheiro e oferece-lhe a venda da alma por um álbum, e esta pessoa aceita. Será que a editora acha que o que tornou este artista famoso na Web funciona com um modelo de negócios que não é compatível com o conceito básico da Web? Um modelo que é contra a partilha e distribuição livre? Que é contra os fãs?

Acho que os “jornalistas” deviam ter mais cuidado em falar de música gratuita, porque esta existe de forma legal, livre, pode ser partilhada, exibida publicamente, podem criar-se trabalhos derivados (mixes, dubs, usar samples). Perguntar a alguém se é contra isto é absurdo, no âmbito que iria contra a liberdade de artistas em todo o mundo que partilham a sua música por própria iniciativa. Os artistas a quem são feitas estas perguntas sabem melhor que os artistas que partilham a sua música sobre um modelo comunitário, livre? Creio que não. Perguntem se se é a favor da música protegida por Copyright que aparece na Web, não por música gratuita. Não sejam tendenciosos, vejam para além do que as editoras querem mostrar. Ou será que isto é mais uma parte do funcionamento de cartel das editoras? Introduzir este ruído jornalístico nos media?

Para referência pode ser consultada a licença Creative Commons sob a qual existe muita música disponível na Web. Esta licença já tem enquadramento legal em Portugal.

Outros projectos interessantes no âmbito do Creative Commons são o ccMixter, que fornece uma infraestrutura para partilhar remisturas de músicas livres (sob CC) e um projecto comunitário de trechos de som (samples) que funciona agora em parceria com o ccMixter, o freesound project.