Pelos iluminados ou por todos?

Que tal pelo próprio, único e principal interessado?…

Citação (aos 60 minutos) do Presidente da Sociedade Portuguesa de Bioética, Rui Nunes, no Sociedade Civil de hoje (great show, by the way, verdadeiro serviço público):

Não podemos continuar a entender que os portugueses são crianças, que são irresponsáveis, que não conseguem apreender um conceito complexo como este. Claro que conseguem, claro que conseguem, todos os estudos de opinião o dizem. Nós fizémos um estudo alargado com pessoas internadas em lares de terceira idade e residências. Algumas pessoas mal sabiam escrever, mas todas percebiam o que estava em causa, portanto não vamos passar um atestado de menoridade aos portugueses e dizer que isto é só para as elites, para os iluminados, porque o comum dos cidadãos não percebe nada disto, não tem que perceber, e os iluminados é que vão decidir por todos nós.

Ora, não vamos pôr os “iluminados” a decidir por todos nós, vamos pôr os iluminados bem como todos os obscurecidos. A minha vida e os meus direitos fundamentais não devem ser decididos por um grupo de especialistas, isso era passar-me um atestado de menoridade. Não, justo e democrático é pôr os meus pares a mandar bitaites acerca disso e a decidir se eu posso dispôr de mim própria ou não… Especialistas, fundamentalistas religiosos, imbecis e génios, toda a gente a decidir reconhecer ou não um direito fundamental dos outros, mas sem direito a exercê-lo em si próprio, em sentido oposto, após o referendo. I see…

Promover uma reflexão e um debate nacional sobre a eutanásia é um dos propósitos do presidente da Associação Portuguesa de Bioética. Rui Nunes entende que um referendo nacional poderia ser uma forma de conseguir essa “reflexão crítica sobre a morte medicamente assistida na perspectiva ética, jurídica e social” e diz mesmo que pretende contribuir para um “debate plural na sociedade portuguesa”.

O especialista esclareceu que o parecer para o referendo trata, apenas, da eutanásia voluntária que consiste em “abreviar o momento da morte de alguém a seu pedido, firme e consciente, através da intervenção directa de um profissional de saúde” e que seria “eticamente inaceitável se o tema não fosse de consulta popular”.

Concordo que a sociedade precisa de discutir estas questões, as pessoas precisam de ser educadas e precisam de esgrimir os seus argumentos para formarem as suas opiniões. Mas não posso aceitar que se faça um referendo para obrigar a essa discussão.

Será que o fim da escravatura também foi referendado? Será que o sufrágio das mulheres foi sujeito a voto (lol)? Que direitos fundamentais foram reconhecidos por referendo?…

Quanto ao programa, que é “pluralista” (ver min 65), achei mal convidarem católicos, islâmicos, budistas e hindus a expressarem a sua filosofia de vida e as suas crenças religiosas e deixarem de parte os nossos amigos da IURD, os mórmons, os evangélicos, etc, etc, todas as seitas com filiais em solo português.

Eu pensava que quando alguém dá algo a outro alguém, essa “prenda” passa a pertencer ao presenteado. Mas isso não se aplica ao deus católico, que dá algo mas tecnicamente continua a controlar essa oferta. Ou seja, não dá nada. É como eu oferecer um livro à minha irmã agora pelo aniversário dela mas dizer-lhe que ela não pode dispôr do livro, só eu é que decido quando é que ela pode emprestar ou dar o livro a alguém. Segundo o padre Jerónimo Trigo (min 66) a vida é um dom que nos é dado por deus, e não é nosso para dele dispôrmos. Ora é dado mas não é nosso. I see… Os católicos gostam de se sentir umas marionetas, é o que sou levada a concluir…

Olhem, nem vou continuar a comentar as ideias do islão, do budismo,… epá, aquela cena do karma é lixada… Coitados se aquilo for tudo uma tanga e não houver karma nem reencarnação nem nada, terão sofrido para nada…

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