O carro urbano, esse sorvedor de dinheiro e energia

Desde 2005 que registo todos os meus gastos mensais (yes, I’m a geek), para poder controlar tudo e aperceber-me onde gasto o dinheiro. Estive a compilar os dados de 2006 e para o meu carro, um Opel Corsa (a gasóleo) de 1997, os resultados são estes:

Total anual: 1912 € (2005), 1726 € (2006)
Média total mensal: 159 € (2005), 144 € (2006)

portagens/mês: 13 € (2005), 6 € (2006)
combustível/mês: 46 € (2005), 49 € (2006)
limpeza e manutenção/mês: 48 € (2005), 55 € (2006)
impostos e seguros/mês: 41 € (2005), 36 € (2006)

Não contabilizei os gastos em estacionamento nem em outros transportes alternativos/complementares. A diferença entre 2005 e 2006 é que no primeiro as minhas deslocações diárias eram para a FCT-UNL e para a FCUL. Em 2006 eram essencialmente para o INETI

Uma bicicleta dobrável, p.e. a Mobiky, no meu caso, paga-se em 7 meses se abdicar do carro e pagar o passe social L123 (~50 €) para usar a bicicleta em conjugação com os transportes públicos. Dependendo da pessoa – consumo e manutenção do carro, gastos em estacionamento, etc – este período pode diminuir significativamente mais. Eu não ando actualmente num ginásio, mas se andasse, o facto de passar a deslocar-me de bicicleta regularmente podia diminuir-me a factura aqui também. Se fosse ao ginásio seria para as aulas de grupo que mais gosto ou para actividades específicas e não simplesmente para andar na passadeira ou outras máquinas, tipo hamster. 😛

É brutal o dinheiro que se gasta por ano no carro… Cerca de 1750 €, mesmo que tirasse 600 € pró passe mensal, ainda tinha 1150 € para ir de férias ou comprar uma bicicleta ou um trike fixe (tipo um KMX Kart X Class, eheheh!). 😉 Em 2 anos dava para poupar o suficiente para comprar um trike já de gama média!! 😛

Em altura de pensar em arranjar casa própria uma pessoa que queira levar uma carfree life, em Portugal terá muita dificuldade… As urbanizações são feitas prós carros e não prás pessoas. Tudo é desenhado sob o paradigma do automóvel e do petróleo inesgotável, as estradas, as grandes superfícies, os caminhos e acessibilidades,… As pessoas são empurradas para este estilo de vida e mentalidade urbana de auto-estrada, quer queiram quer não. Mesmo tentar não usar o carro na zona onde vivemos é difícil. É comum não haver passeios, só estradas – muitas vezes sem bermas – a ligar povoações a 500 metros (ou menos!) de distância, ou locais dentro da mesma povoação (ex: Queluz de Baixo e Queluz Ocidental, Oeiras Parque e Quinta da Fonte, Ribeira da Lage e Casalinho Morais e Sassoeiros, etc, etc), e com muito movimento. As pessoas acabam por se refugiar dentro dos carros. E depois chegamos a esta cultura em que se leva o carro até à porta de casa, da escola, do restaurante, do supermercado. Daqui a 20 anos vamos ter uma população toda obesa, está-se mesmo a ver…

*sigh*

Temos que mudar este estado de coisas.

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