Misérias humanas

Esta semana numa conversa de almoço, a R. contou-nos que, no Porto, foi voluntária numa Aldeia S.O.S.. São casas onde vivem crianças a cargo de uma “mãe” contratada. Recentemente li uma notícia qualquer a propósito destas casas onde referiam que as “mães” iniciais estavam a entrar na reforma e por isso procuravam-se novas “mães”.

Bom, ela contou-me que deixou de fazer lá voluntariado porque não conseguia simplesmente ignorar e abstrair-se do facto de as crianças serem maltratadas pela “mãe”. Disse que as miúdas andavam negras, que levavam porrada até com o cabo do chuveiro!!… Isto de uma senhora super-religiosa (deve ser mais uma apologista do spanking). Os coitados dos putos não podiam ver TV ou ouvir música, a única coisa que se tocava em casa era o rádio, com missa non-stop… Fez queixa, mas o Director não fez nada. Não sabe se elas ganham bem ou mal, mas aquilo é um trabalho a tempo inteiro. As “mães” não têm fins-de-semana, folgas nem férias!! Assim também eu dava em maluca!… Claro que o Director não vai fazer nada se fazer alguma coisa implicar a “mãe” abandonar o seu cargo…

Quando primeiro ouvi falar deste projecto das “mães”, há uns anos atrás, achei uma ideia boa, muito melhor que viver numa instituição. Mas não era isto que tinha em mente… Se não fizerem as coisas como deve de ser, será simplesmente mais uma modalidade de abuso e abandono. As “mães” têm que ser bem pagas e ter direito a vida pessoal! E os abusos têm que ser vigiados e punidos!

Com tanta gente a querer adoptar crianças, porque têm estas que viver estas vidas tão degradantes?…

Prós católicos & Cia faz mais sentido uma criança viver assim, sem pai, com uma mãe esgotada e abusiva, sem amor, atenção nem liberdade, do que viver numa família com dois homens, ou duas mulheres, ou só com um progenitor. Que gente sádica.

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