“A Ciência e a Cidade: a Mobilidade”

Fomos hoje assistir a esta conferência na Gulbenkian e, mesmo embora tenhamos chegado um pouco atrasados, valeu a pena.

Não tenho agora disponibilidade para tentar falar muito do que ouvi. Mas deixo aqui a "fact sheet" que distribuíram:

Mobilidade 2Mobilidade 1Mobilidade 3

E a info do orador:

José Manuel Viegas 1José Manuel Viegas 2

E algumas notas que apanhei e consegui registar no papel:

  • Hoje há mais carros do que há 25 anos atrás, mas os de hoje poluem muito menos que os daquela altura; ex.: Ford Fiesta de 1999 poluía 50 vezes menos que o seu antecessor 25 anos antes. Em L.A. (EUA) 6 % dos carros têm mais que 15 anos e poluem mais que os outros 94 % somados!.
  • A viabilidade dos sistemas de carpool está fortemente dependente do número de pessoas que neles participam (a maioria das iniciativas que surjem terminam alguns meses depois).
  • A baixa densidade urbanística é um problema na maior parte das cidades americanas. Só cerca de 3 ou 4 cidades, como NY, permitem que uma pessoa se desloque a pé (ou de transportes públicos) facil e rapidamente para qualquer sítio. De resto demoramos 20 min para ir a pé ao que quer que seja.
  • Em França há uma iniciativa em que mecânicos e engenheiros reformados recuperam carros velhos e alugam-nos tipo a 5 € a pessoas mais carenciadas, em área periurbanas, para irem procurar emprego, ou a entrevistas de selecção.
  • A engenheira da Cisco falou de questões de mentalidade importantes, como o teletrabalho, o desfasamento das férias escolares entre escolas, etc. Mencionou também a questão de Bolonha, que permitirá a um aluno português ir fazer disciplinas a outro país europeu, criando uma tensão de saída do país, mas que dificilmente teremos igual número de alunos estrangeiros a vir para cá se continuarmos a não dar aulas em inglês nos cursos de tecnologias.
  • Fiscalização: cá temos 1 agente da EMEL para cada 400 lugares de estacionamento. A média europeia é de 150 lugares por agente.
  • As "ondas verdes" (troços de estrada com múltiplos semáforos em que os apanhamos todos verdes) são definidas privilegiando a atravessamento automóvel. Para o atravessamento de peões fica, literalmente, o tempo que resta…

No meio de tanta gente do I.S.T. foi com prazer que ouvi um professor de Física da FCT-UNL (reformado) a intervir na altura do debate (penso que terá sido o Professor Luís Fraser Monteiro, mas como estava de costas…). Através dele fiquei a saber do projecto ULTRA, em Cardiff (links: este, este, e também este e este). E, como sempre, neste mundo maravilhoso da web, entretanto fui dar a sites de outros projectos do género! 🙂 Mais para a minha colecção! 😉
Também vi lá o Professor José Moura (do DQ da FCT-UNL) que, por sinal, também vai dar uma palestra incluída neste ciclo! 🙂 

Houve uma coisa que eu não gostei mesmo nada. O Professor J. M. Viegas, responsável pelo Plano de Mobilidade de Lisboa e pelo sector de Mobilidade e Transportes na revisão do PDM de Lisboa (2003-2005) disse que optou por não incluir as bicicletas no Plano da cidade porque acha que passar de uma utilização de bicicletas de 1 em 1000 para mesmo que fosse apenas 5 % implicaria muitas mortes de ciclistas no início. Isto porque, diz ele, as bicicletas (ter pessoas a circular de bicicleta nas estradas, com os carros) não fazem parte do "quadro mental" do condutor português. Assim, ter de repente muitas bicicletas na estrada, no período de transição de escala, haveria muitos acidentes. Assim, deixou tudo como estava!… Mesmo após a explicação dele, em que "confessou" que esta foi uma questão que ele não conseguiu resolver, e que pediu conselhos a pessoas de outros países europeus (em que a bicicleta pode ser utilizada por até 30 % das pessoas "em trânsito"), não posso concordar com esta justificação. Fiquei bastante "desalentada" com isto, confesso… 🙁 

Dia 24 de Maio há outra palestra deste ciclo, desta vez subordinada ao tema "ócio", com o Professor Fernando Catarino, da FCUL! 🙂 

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