A nossa Bike Marathon pessoal

Acabámos por não ir à Bike Marathon no domingo, porque achámos que a forma física não no-lo permitiria e porque sábado terminou tarde demais para conseguirmos estar lá tão cedo no dia seguinte. 😛

No entanto, neste dia "os astros" estavam a nosso favor! Era um excelente dia para testar o caminho para o almejado commuting para o INETI porque a) havia pouco trânsito (comparativamente) de carros e pessoas [feriado e fim-de-semana prolongado] e b) finalmente o clima estava convidativo. Como tinha mesmo que lá ir para adicionar uma coisa a uns meios de cultura juntei o útil ao útil e agradável! 😉

Tínhamos o percurso indicado pelo ViaMichelin mas não o seguimos exactamente. 😛 Se o tivéssemos feito teríamos andado 15 km para lá e outros 15 km para cá. Como foi uma viagem exploratória, procurámos experimentar caminhos. Somos capazes de ter pedalado uns 40 km no total!… Para lá demorámos cerca de 1h45min, e para cá umas 2h. O caminho da viamichelin tem como indicação 1h04min. Eu acho que depois de optimizar os percursos (de ida e volta, que podem ser diferentes), depois de me familiarizar com eles, e dado que nessa altura já não farei paragens para procurar nomes de ruas nem para olhar para os papéis, nem para voltar atrás "porque afinal aqui não podemos ou não dá jeito passar" e coisas do género, devo conseguir fazer este meu commuting facilmente em 1h15min. Talvez menos, quem sabe. 😉

À porta do Edifício EPormenor da "tralha"

Anteontem andámos por sítios malucos, tipo N117 a passar as jingas por cima de rails, bairros com um ar menos "recomendável", etc. Mas voltámos, vivos, inteiros, e com todos os nossos bens em nossa posse! lol Ah, e isto praticamente sem luzes! Também não era suposto termos demorado tanto a ponto de voltar já de noite, mas aconteceu. O Bruno ainda se lembrou de trazer um colete reflector! Temos mesmo que encomendar aquelas luzes que ele viu na web!

Tenho aprendido que andar de bicicleta é um exercício de cidadania. Todos os autarcas e políticos o deviam fazer. Permite-nos ter um maior contacto com a realidade. De carro as coisas passam-nos ao lado porque andamos depressa demais.

Será que não é possível processar o Estado por discriminação dos cidadãos com base na possessão ou não de automóvel? Porque uma pessoa que se desloque a pé ou de bicicleta (ou até de transportes públicos, por vezes) não tem as mesmas condições de mobilidade que quem se desloca de automóvel. Nem as mesmas condições de propriedade! Porque em todo o lado há sítios (terrenos) públicos adstritos à ocupação por automóveis (propriedade privada), mas é muito raro o sítio adstrito à ocupação por bicicletas, ou mesmo à ocupação por peões (muitas vezes quero sentar-me e descansar no meio da cidade e não há bancos)!

Eu deveria poder circular livre e facilmente (paralelamente) ao longo do IC19 ou da 2ª Circular ou do Eixo Norte-Sul ou da A5, e poder passar para o outro lado a intervalos pequenos e regulares, a pé ou de bicicleta, em segurança. No fundo, quem (des)governa este país faz com as pessoas, no meio da cidade, com estes grandes eixos viários, o mesmo que faz com os animais, nas zonas mais rurais, com as auto-estradas construídas sem túneis por baixo: corta-lhes a circulação. Limita-os, restringe-os, rouba-os da sua liberdade, do seu direito a mover-se, a socializar, a viver!

Não faz, para mim, sentido algum que uma ponte sobre o Tejo (aliás, duas!) paga com dinheiros públicos, construída para servir as pessoas, tenha vedada e impossibilitada a circulação dessas mesmas pessoas com o seu primeiro e último meio de transporte: as suas pernas! Sou forçada a ter dinheiro, e depois sou forçada a gastá-lo num automóvel próprio, ou num serviço de táxis, ou num bilhete de autocarro ou (felizmente agora já podemos!) de comboio! Mesmo que more naqueles prédios ao pé da ponte na margem Norte e trabalhe como portageira no fim da ponte, na margem Sul!!! Eu acho isto tremendamente injusto! E tremendamente estúpido!

Quanto mais expando a minha experiência nos vários meios mobilidade pessoal (desde criança: a pé, de bicicleta, de carro com adultos, de transportes públicos, depois de carro próprio e ultimamente de bicicleta também, já adulta) mais consciente fico dos perigos e das chatices que cada meio implica, e fico muito mais compreensiva e cuidadosa com todos os "terceiros" que se cruzam comigo, quer seja a pé, de bicicleta, de carro ou de camioneta. E mais preocupada fico ao pensar que muitas pessoas não têm esta consciência porque nunca andaram de carro, ou nunca andaram de bicicleta, ou quase não andam a pé…

Nós precisamos de uma revolução no urbanismo deste país e nas decisões que se tomam e que afectam a mobilidade de todos, e a vida, a saúde, e o bem-estar! Nós precisamos de pessoas na administração que vão ao terreno, que experimentam, que ouvem, que procuram. Estou farta de ir a conferências e encontros e ouvir pessoas importantes falar coisas bonitas mas depois sair à rua e ver o mesmo descalabro de sempre… 🙁

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